Perguntas e respostas sobre ouro

Vista aérea sobre floresta tropical na Guiana francesa © Rhett Butler

Aqui você pode ler sobre as consequências da extração de ouro e sobre o que podemos fazer juntos para pôr fim a este horror.

De onde vem o ouro?

O ouro inclui nos elementos mais raros no mundo. Encontra-se como filões de ouro em algumas rachas na crosta terrestre e como lixiviação da rocha nas sedimentações dos rios. Sua parte na crosta terrestre sólida ascende a cerca de 4 miligramas por tonelada. Por isso montes gigantescos de rocha têm que ser aplanados, triturados e peneirados para obter uns gramas de ouro. Para cada tonelada de ouro extraída, aproximadamente três milhões de toneladas de terra têm que ser movidos.

Como é extraído o ouro?

Hoje o ouro é quase sempre extraído em minas gigantescas. Uma mina de ouro é uma fábrica química ao ar livre: primeiro, a rocha é detonada e triturada. A seguir, ela é amontoada em colinas altas sobre lonas plásticas e pingada com uma solução de cianeto durante semanas. Esta dissolve os vestígios minúsculos de ouro da rocha. Muitas vezes são apenas um ou dois gramas por tonelada. A quantidade do cianeto utilizado é adequadamente grande: Estimativas partem de um consumo anual de cianeto de 182.000 toneladas nas minas de ouro em todo o mundo. Algumas minas executam este processo em tanques fechados. Isto é melhor do que o procedimento ao ar livre, durante o qual líquidos altamente tóxicos são armazenados em bacias sem tampa cujas barragens podem partir. Mas também durante o processo fechado ficam para trás largas quantidades de escória altamente tóxica que é armazenada numa bacia ou, em países como a Indonésia, simplesmente atirada nos rios ou mares. E a destruição da paisagem e das bases de vida é a mesma: A extração de ouro de forma moderna viola os direitos humanos e deixa para trás desertos mortos, danos ambientais persistentes e problemas sociais.

Além disso, a extração de ouro põe em andamento uma bomba-relógio. Rocha tratada com cianeto forma ao ar ácidos que se distribuem no subsolo por muito tempo. Mais cedo ou mais tarde, as águas subterrâneas ameaçam ser contaminadas. Outro procedimento é a extração de ouro da areia dos rios, na maioria das vezes através de mercúrio. Este junta-se ao pó de ouro e forma assim uma liga metálica. Para extrair o ouro puro, esta ligação é aquecida e o mercúrio evapora-se. Com isso, os vapores tóxicos chegam ao ar e aos rios sem ser filtrados. Adicionalmente, metais pesados como arsênio, chumbo, cádmio e mercúrio são libertados. Cada ano, aproximadamente 100 toneladas de mercúrio são tiradas somente no Rio Amazonas.

O que tem a ver o ouro com a selva?

Exploradores de ouro invadem hoje as áreas mais afastadas para satisfazer a demanda crescente do metal nobre. Entretanto, o preço alto do ouro faz rentável a extração da rocha com um conteúdo de ouro de apenas um grama por tonelada. A maior parte do ouro é extraído na África do Sul, na Austrália, nos Estados Unidos, na Rússia e na China, mas a evolução aponta a outros países. Desse modo, muitas florestas na Venezuela, no Ecuador, no Peru, na Indonésia, no Gana e em vários outros países tropicais são ameaçados pelas minas de ouro. A mina do monte de grama na Indonésia é atualmente a maior mina de ouro e, ao mesmo tempo, a terceira maior mina de cobre do mundo. As áreas de extração ficam com freqüência em zonas do mundo que são habitadas e utilizadas por povos indígenas.

Para que é preciso o ouro?

Hoje o mundo vive uma nova febre do ouro. Isto deve-se, entre outras coisas, ao preço de ouro consideravelmente crescido que saltou na bolsa pela primeira vez por cima de 1000 dólares americanos por onça. Dentro de um período de seis anos, o preço de ouro tem-se quadruplicado deste modo. Em 2003 cerca de 2600 toneladas de ouro foram extraídas mundialmente, aproximadamente 100 vezes mais do que no século XIX. Segundo o World Gold Council, 78 % do ouro foram à produção de bijuteria no mesmo ano. As quantidades de ouro utilizadas para colares e anéis tem-se multiplicado há 30 anos. Na indústria eletrônica e na técnica dentista apenas por volta de 15 % da produção são utilizados.

Está certo que os homens podem adoecer e até morrer das conseqüências da extração de ouro?

A extração de ouro de maneira moderna é uma catástrofe para os homens e o meio ambiente. A indústria de ouro suja está muito longe da imagem romântica do explorador de ouro que trabalha à mão.

As bases de vida de muitas pessoas são destruídas na extração de ouro. A contaminação do ambiente e os intoxicações de homens não são uma exceção, mas sim a regra na exploração de ouro. Homens e animais inalam os vapores tóxicos. Substâncias tóxicas chegam aos lagos, rios e mares e finalmente também à cadeia de alimentos.

Os minérios são tratados nas minas com produtos químicos altamente venenosos, sobre tudo  cianeto. Este sal do cianeto de hidrogênio impede o transporte de oxigênio no corpo e tem conseqüências fatais, mesmo numa quantidade infinitesimal. O metal pesado mercúrio enriquece-se no corpo e prejudica nomeadamente o sistema nervoso central.

Quem é responsável pela exploração de ouro?

Um punhado de companhias transnacionais da África do Sul, da Austrália, do Canadá e dos Estados Unidos dominam as minas de ouro. Muitos países abriram-se para as empresas mineiras internacionais – em geral sob a influência do banco mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

As vítimas são maioritariamente povos indígenas, pequenos agricultores e pescadores. Na opinião deles, quase nunca são consultados e freqüentemente nem sequer informados sobre as minas planejadas. Santuários e lugares de prática religiosa são respeitados igualmente pouco. Não é raro que grupos de empresas atingem o assentimento dos afetados através de ameaças, intimidações, promessas falsas ou mentiras. Quando as empresas grandes chegam, os indígenas são expulsos de sua terra, muitas vezes à força brutal. No Gana, por exemplo, isso aconteceu a 10.000 pessoas por causa de uma empresa de mineração.

A extração de ouro não traz divisas e empregos importantes aos países pobres?

As empresas mineiras trazem somente superficialmente melhoramentos para o mercado de trabalho e a economia de exportação. Nas minas de ouro que têm hoje geralmente uma extensão de vários quilômetros quadrados trabalham, por norma, poucas pessoas. As minas são, na verdade, muitas vezes extremamente lucrativas, mas os nativos ganham pouco com isso, também não os próprios países. A isso juntam-se muitas vezes salários baixos e péssimas condições de trabalho para os mineiros. Já em 1996, o político sul-africano Piet Botha revelou: cada tonelada de ouro exige um mineiro morto e doze acidentes graves. Um estudo da Venezuela revelou que o estado Bolívar ganhou com suas minas dois milhões de dólares durante quatro anos. A tendência é em direção a ainda menos lucros para os países e maiores lucros para as companhias. Por causa da diminuição dos impostos, as empresas obtêm “lucros escandalosos”, como uns ativistas ambientais venezolanos o exprimiram.

Quando se adiciona os gastos sociais e ecológicos, os países de ouro fazem um negócio extremamente deficitário. Para os homens nas localidades e regiões afetadas isto significa com freqüência: poluição de recursos importantes como a água e o solo através de substâncias venenosas na extração de minério e resíduos do processo de produção, problemas sociais com os conflitos de terra e recursos, a violação de direitos básicos por parte do país e das sociedades mineiras.

Parece fazer sentido, na verdade, aumentar a segurança na exploração de ouro industrial e qualificar melhor os trabalhadores. Mas somente o procedimento desrespeitoso torna os lucros grandes das empresas possível. Se as companhias devessem assumir os danos provocados, não valeria a pena a extração de ouro para muitas delas, afirmam as próprias empresas.

Além disso, os projetos de construção ameaçam estruturas econômicas como, por exemplo, a agricultura, sem oferecer uma alternativa a longo prazo, e destroem as alternativas possíveis para o futuro, como o turismo ecológico.

Não há nenhuma exploração de ouro cuidadosa?

O metal deixa-se reganhar de modo relativamente simples de bijuteria velha, de próteses dentárias e de resíduos industriais que contêm ouro. Estabelecimentos de dissolução de ouro especiais extraem novamente o ouro em forma pura. 

O próprio ourives pode re-ligar e derreter várias ligações de ouro. Jóias de herança à qual não existe uma relação pessoal ou que já não se adequaram à atualidade podem ser modificadas. Assim, o ouro torna-se em bijuteria nova.

O que passa com o ouro dos bancos centrais?

Os críticos opinam: no fundo, nenhum ouro deveria ser extraído hoje em dia. Somente nas caves dos bancos centrais milhares de toneladas de ouro são armazenadas. Se estas reservas fossem apresentadas novamente no mercado, a exploração de ouro poderia ser reduzida drasticamente ou até parada durante uns anos.

O número um na armazenagem de ouro são os Estados Unidos com 8133 toneladas, em segundo lugar já se coloca a Alemanha (3417 toneladas). Assim, a República Federal fica diante do Fundo Monetário Internacional com 3217 toneladas.

O que tem a ver minha aliança de casamento com a destruição da natureza?

Quem compra ouro deve ter consciência do preço real para o colar ou a pulseira: milhões de toneladas de terra levada, paisagens devastadas, bilhões de litros de água poluída nos rios e nos homens que vivem na miséria e com doenças ou que são expulsos de sua terra.

Que grande peso tem o brilho precioso mostra a quantidade de lixo, solo e rochas geralmente venenosos que é necessária para extrair o ouro para apenas uma aliança de casamento: 20 toneladas!

O que faz Salve a Floresta para os animais e as pessoas que sofrem com a extração de ouro?

Em vários países as pessoas que são expulsas pela cobiça de ouro lutam contra a destruição do ambiente. Salve a Floresta apóia, por exemplo, grupos ambientais, vítimas de ouro na Guatemala, no Gana ou no Ecuador e campanhas contra o “ouro sujo“. Prestamos ajuda financeira, organizamos ações de protesto via e-mail e informamos na Alemanha sobre as conseqüências da exploração de ouro e sobre as coisas que cada um pode fazer pessoalmente contra os problemas implicados.

O que você pode fazer pessoalmente?

Deixe modificar ou reciclar jóias velhas ou outros produtos com ligações de ouro.

Fale na joalharia sobre os problemas ambientais na extração de ouro e mande um relatório sobre as conversas a Salve a Floresta. Chame a atenção para a possibilidade de utilizar ouro certificado, que é produzido sob normas ambientais e sociais mais altas, em vez do ouro “sujo”.

Compare a imagem pura do ouro com a realidade feia, por exemplo através de cartas de leitor e outras colaborações em jornais e revistas.

Abdique de presentes de ouro debaixo da árvore de Natal ou em outros dias de festa.

Apóie a exigência ao governo por parte de organizações dedicadas para a política do desenvolvimento como FIAN de empenhar-se contra mais créditos do banco mundial para as minas de ouro. Fale com o deputado em seu círculo eleitoral sobre a problemática e peça-lhe que apóie isso ativamente.

Ajude com uma doação para Salve a Floresta para que possamos aumentar nosso apoio das vítimas de ouro nos países com florestas tropicais. A pedido, você recebe um documento por sua doação que pode também dar de presente.

 

Fontes: FIAN / arquivo de Salve a Floresta / www.earthworksaction.de nodirtygold.org / spiegel.de / MineralData / www.finanz.net

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