O lince não quer barragens no parque nacional!

Um lince está sentado na floresta e olha para a câmara. Barragens ameaçam os últimos linces das Balcãs no Parque Nacional de Mavrovo (foto: Joachim Flachs) (© Joachim Flachs)
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Um dos parques nacionais mais velhos da Europa está em perigo. Com fundos do Banco Mundial e do Banco Europeu de Desenvolvimento, a Macedónia quer construir usinas hidrelétricas no Parque Nacional de Mavrovo. O terreno é o habitat dos últimos linces das Balcãs. Exijam dos bancos e dos Primeiro-Ministros que ponham fim aos projetos!

Apelo

Para: o Primeiro-Ministro da Macedónia Nikola Gruevski, os responsáveis do Banco Mundial e do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (EBRD)

“A construção de duas barragens no Parque Nacional de Mavrovo na Macedónia ameaçaria os linces das Balcãs. O governo e os financeiros devem renunciar aos planos.”

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O Parque Nacional de Mavrovo é um dos mais antigos da Europa. Nessa paisagem montanhosa com as suas matas virgens, os ribeiros e rios vivem ursos, lontras, lobos, raras espécies de peixe e um animal particularmente especial: o lince das Balcãs. É uma subespécie severamente ameaçada do lince-euroasiático. Apenas pouco mais de 50 indivíduos devem ter sobrevividos até hoje – a maior parte deles no Parque Nacional de Mavrovo.

Mas em breve, o lince das Balcãs poderia extinguir-se completamente. No meio do parque nacional, duas usinas hidrelétricas devem ser construídas. Com o alegado objetivo de promover as energias renováveis, o Banco Mundial e o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (EBRD) querem patrocinar os projetos com 135 milhões de euros. Desta forma eles financiam a destruição do parque nacional e a extinção do lince das Balcãs.

“Qualquer pressão sobre a população nuclear dos animais pode fazer com que uma das espécies de mamíferos mais ameaçadas da Europa se extinga”, diz Dr. Urs Breitenmoser da IUCN-SSC Cat Specialist Group.

Com a construção das usinas hidrelétricas, o Parque Nacional de Mavrovo até arrisca-se a perder o seu estatuto de parque nacional, alerta a IUCN numa carta aos bancos.

“Estes projetos não só ameaçam o Parque Nacional de Mavrovo, mas sim são um ataque geral ao estatuto de proteção dos parques nacionais”, diz Gabriel Schwaderer, gerente da fundação de proteção da natureza EuroNatur. Ulrich Eichelmann da organização ambientalista Riverwatch acrescenta: “Se nem podemos proteger a natureza e a biodiversidade nos parques nacionais, onde é que podemos mantê-la, então?”

Sem o apoio do Banco Mundial e o EBRD o governo macedónio não poderia realizar os projetos. Portanto, peçam os responsáveis e o Primeiro-Ministro da Macedónia que ponham fim aos projetos.

Mais informações

O Parque Nacional de Mavrovo é um dos parques nacionais mais velhos da Europa. Abrange uma área de 73 mil hectares e fica no Oeste da Macedónia na fronteira com o Kosovo e a Albânia.

Dois grandes projetos de energia hidráulica ameaçam o parque:

Usina hidrelétrica de Boskov Most

Altura da barragem: 33 metros
Torrente máxima: 22 m³/s (fluxo médio no rio Mala Reka: 5,75 m³/s)
Construção/ alargamento de (novas) estradas: 19 quilómetros
Área afetada: 935 ha
Capacidade instalada: 68 MW
Custos de construção: 84 milhões de euros no total, 65 milhões financiados pelo EBRD

Usina hidrelétrica de Lukovo Pole

Altura da barragem: 71 metros
Torrente máxima: 6 m³/s
Construção/ alargamento/ asfaltagem de (novas) estradas: 20 quilómetros
Área afetada no parque nacional: 3.546 ha
Geração de energia: 159 GW por ano
Custos de construção: 83 milhões de euros no total, 70 milhões financiados pelo Banco Mundial

Mais informações sobre barragens nas Balcãs: http://balkanrivers.net

Carta

Para: o Primeiro-Ministro da Macedónia Nikola Gruevski, os responsáveis do Banco Mundial e do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (EBRD)

Prezado Senhor Primeiro-Ministro Nikola Gruevski, prezada Senhora Ellen Goldstein, prezado Senhor Sir Suma Chakrabarti,

os senhores planejam e apóiam a construção de duas grandes usinas hidrelétricas no Parque Nacional de Mavrovo na República da Macedónia, um dos parques nacionais mais antigos da Europa.

Os projetos vão contra o sentido e as regras básicas dum parque nacional, no qual a proteção da natureza tem prioridade absoluta e dentro do qual um uso económico está proibido. Segundo a união mundial de proteção da natureza IUCN a construção poderia levar à retirada do estatuto de parque nacional.

Além disso, estes projetos ameaçam um número de espécies animais e vegetais, entre elas o raro lince das Balcãs. O Parque Nacional de Mavrovo é o único terreno no qual os linces das Balcãs ainda se reproduzem com sucesso. De acordo com a IUCN, os projetos de energia hidráulica poderiam causar a extinção desta espécie.

Por esta razão, nós pedimos o EBRD e o Banco Mundial que não participem na destruição do parque nacional e no extermínio do lince das Balcãs e que recusem o financiamento. Pedimos o Senhor Primeiro-Ministro que faça parar a construção prevista das usinas hidrelétricas e que proteja, em vez disso, o parque nacional.

Com os melhores cumprimentos,

Tema

O ponto de partida: Por que a biodiversidade é tão importante?

 

Biodiversidade compreende três campos estreitamente ligados entre si: a diversidade das espécies, a diversidade genética dentro das espécies e a diversidade dos ecossistemas, como por exemplo, florestas ou mares. Cada espécie é parte de uma rede de conexões altamente complexa. Quando uma espécie é extinta, essa extinção tem repercussão sobre outras espécies e outros ecossistemas.

Globalmente, até hoje já foram descritas duas milhões de espécies, especialistas avaliam o número como amplamente maior. Florestas tropicais e recifes de corais pertencem aos ecossistemas com a mais alta biodiversidade e complexidade de organização da Terra. Cerca da metade de todas as espécies de animais e plantas vivem nas florestas tropicais.

A diversidade biológica é, em si, digna de proteção, além de ser para nós, condição de vida. Diariamente, fazemos uso de alimentos, água potável, medicamentos, energia, roupas ou materiais de construção. Ecossistemas intactos asseguram a polinização das plantas e a fertilidade do solo, protegendo-nos de catástrofes ambientais como enchentes ou deslizamentos de terra, limpam água e ar e armazenam gás carbônico (CO2), o qual é danoso para o clima.

A natureza é também a casa e ao mesmo, lugar espiritual de muitos povos originários da floresta. Estes são os melhores protetores da floresta, porquanto é especialmente em ecossistemas intactos que se encontra a base para a vida de muitas comunidades indígenas.

A conexão existente entre destruição da natureza e surgimento de pandemias é conhecida de há muito, não tendo surgido pela primeira vez com o coronavírus. Uma natureza intacta e com bastante diversidade protege-nos de doenças e de outras pandemias.

Para saber mais sobre esta conexão, pode clicar nos link abaixo:

https://www.ufrgs.br/jornal/conexoes-entre-desequilibrios-ambientais-e-o-surgimento-de-doencas-infecciosas-na-amazonia/

https://www.dw.com/pt-br/o-elo-entre-desmatamento-e-epidemias-investigado-pela-ci%C3%AAncia/a-53135352

Os efeitos: extinção de espécies, fome e crise climática

 

O estado da natureza vem piorando dramaticamente, em escala global. Cerca de um milhão de espécies de animais e plantas estão ameaçadas de serem extintas, já nas próximas décadas. Atualmente, 37.400 plantas e animais estão na lista vermelha da organização de proteção ambiental IUCN como espécies ameaçadas de extinção – um tristíssimo recorde! Especialistas chegam a dizer que se trata da sexta maior mortandade de espécies da história da Terra – a velocidade da extinção global das espécies aumentou cem vezes nos últimos dez milhões de anos, e isso por causa da influência humana no meio-ambiente.

Também numerosos ecossistemas, em todo o globo – sendo 75% ecossistemas terrestres e 66% marinhos – estão ameaçados. Somente 3% deles estão ecologicamente intactos, como, por exemplo, partes da bacia amazônica e da bacia do Congo. Especialmente afetados são ecossistemas ricos em biodiversidade, como florestas tropicais e recifes de corais. Cerca de 50% de todas as florestas tropicais foram destruídas nos últimos 30 anos. A extinção dos corais aumenta constantemente com o avançar do aquecimento global.

As principais causas para a grave diminuição da biodiversidade são a destruição de habitats, a agricultura intensiva, a pesca predatória, a caça ilegal e o aquecimento global. Cerca de 500 (quinhentos) bilhões de dólares americanos são investidos por ano, globalmente, na destruição da natureza, da seguinte forma: exploração de pecuária intensiva, subvenções para exploração de petróleo e carvão, desmatamento e impermeabilização do solo.

A perda de biodiversidade tem consequências sociais e econômicas extensas, pois a exploração dos recursos é feita em detrimento dos interesses de milhões de pessoas do Sul Global. Os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável almejados pela ONU – como, por exemplo, o combate à fome e à pobreza - somente poderão ser alcançados se for a biodiversidade for mantida em escala global e utilizada sustentavelmente para as próximas gerações.

Sem a conservação da biodiversidade, a proteção do clima também fica ameaçada. A destruição de florestas e pântanos – eis que ambos são redutores de gás carbônico – agrava a crise climática.

A solução: menos é mais!

 

Os recursos naturais da Terra não estão ilimitadamente à nossa disposição. Praticamente, consumimos recursos no volume correspondente a duas Terras e se mantivermos essa velocidade de consumo, até 2050, consumiremos, no mínimo, recursos no volume de 3 (três) planetas Terra. Para lutar pela conservação da diversidade biológica como nossa condição de vida, precisamos aumentar mais ainda a pressão sobre os nossos governantes. E mesmo no nosso simples cotidiano, podemos agir contribuindo para o mudar da coisa.

Com estas dicas para o dia-a-dia, nós protegemos o meio-ambiente:

  1. Comer plantas com mais frequência: mais legumes e “queijo” de soja (tofu) e menos ou nada de carne no prato! Cerca de 80% das áreas agrárias, em escala global, são usadas para pecuária intensiva e para o cultivo de ração animal;
  2. Alimentos regionais e orgânicos:mantimentos produzidos ecologicamente dispensam o cultivo de monoculturas gigantes e o uso de pesticidas. E a compra de produtos locais economiza uma enorme quantidade de energia;
  3. Viver com consciência: Será que é preciso mesmo comprar ainda mais roupas, ou um celular novo? Ou será que, para coisas do cotidiano, dá para comprar coisas já usadas? Existem boas alternativas para produtos com óleo de palma ou para a madeira tropical! Ter, como bicho de estimação, animais selvagens tropicais como papagaios ou répteis é tabu total! Outra coisa útil é calcular o seu dispêndio pessoal de recursos naturais (a chamada “pegada ecológica”);
  4. Ter relações amistosas com as abelhas: você pode proporcionar uma alegria para abelhas e outros insetos, plantando espécies diferenciadas e saborosas na sacada do seu apartamento ou no quintal da sua casa. Também dá para colaborar sem plantar o verde na própria casa, participando de projetos de proteção à natureza na sua região;
  5. Apoiar protestos: manifestações ou petições contra o aquecimento global ou para uma revolução agrária faz pressão nos governantes, que também são responsáveis pela proteção da biodiversidade.

Leia aqui porque tantas espécies são extintas antes de serem descobertas

 

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