Tasmânia: governo diminui patrimônio mundial

74 mil hectares devem perder o estatuto de proteção como patrimônio mundial (foto: bishib70/Flickr) (© bishib70 / Flickr (CC BY-NC-ND 2.0))
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Nas florestas da Tasmânia crescem alguns das folhosas mais altas do mundo. A paisagem e os achados arqueológicos são únicos. Por isso, um quarto da ilha está sob proteção da UNESCO. O governo australiano quer despojar 74 mil hectares do estatuto de patrimônio mundial. Escrevam ao Primeiro-Ministro Abbott.

Apelo

Para: o Primeiro-Ministro da Austrália Tony Abbott, o Ministro do Meio Ambiente Greg Hunt

“O governo da Austrália quer reduzir o patrimônio mundial da UNESCO na Tasmânia em 74 mil hectares. Este plano ameaça os eucaliptos mais altos do mundo.”

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As cadeias de montanhas da Tasmânia, as paisagens de revelo cárstico, as florestas tropicais e os pântanos já foram declarados como patrimônio mundial há 30 anos. Eucaliptos gigantescos alcançam o céu e a região é o habitat de espécies endêmicas e ameaçadas como o diabo-da-tasmânia. Na “Tasmanian Wilderness World Heritage Area“ encontram-se também uns achados arqueológicos de 30 mil anos de idade. Estes pertencem ao patrimônio mundial e mostram que a terra já foi colonizada há muito tempo.

Em Junho de 2013 o patrimônio mundial da UNESCO foi alargado em 170 mil hectares sob o impulso do governo australiano. Desde então o terreno mede 1,58 milhões de hectares.

Agora o chefe do governo Tony Abbott quer fazer uma viragem. Durante um jantar com trabalhadores florestais ele disse, segundo o jornal Liberty Voice, que a Austrália foi estorvada em demasia pelas áreas de proteção. Ele veia uma “ideologia verde” e esclareceu: “O meio ambiente não foi feito pelo homem.”

Abbott exige que 74 mil hectares devem perder o estatuto de patrimônio mundial o mais rápido possível. Do seu ponto de vista, trata-se meramente de umas “retificações pequenas dos limites”. Ele não acha as áreas dignas de proteção, porque já tinham sido arrancadas no passado. Os ambientalistas estão alarmados e opõem-se veementemente. Segundo eles, 90 por cento do terreno são floresta primária intata.

O governo apresentou um pedido no Comitê do Patrimônio Mundial. Se for aceito, não só 18 das 58 eucaliptos enormes perderão o seu estatuto de patrimônio mundial, mas sim florestas e vales inteiros.

Grupos ambientalistas da Austrália envidam todos os esforços para desviar o governo dos seus planos. Apóie-os com a sua assinatura.

Mais informações

As paisagens da Tasmânia são antigas, ásperas, majestosas e assombrosas: as cadeias de montanhas alpinas erguem-se para o céu, durante as eras glaciais os glaciares criaram vales e barrancos e o revelo cárstico cova cavernas profundas no subsolo. A costa está escarpada de forma selvagem. A ilha está coberta de florestas tropicais e pântanos. Nas florestas estendidas crescem várias espécies de eucalipto, entre elas mais de cem exemplares com mais de 80 metros de altura. Eles estão entre as folhosas mais altas do mundo.

Como a ilha foi separada do continente australiano há milhares de anos, muitas espécies endêmicas vivem na Tasmânia. Várias delas estão na Lista Vermelha por estarem ameaçadas de extinção. Entre estes animais estão libélulas, abutres e lagostas. E o diabo-da-tasmânia também luta para sobreviver.

Achados arqueológicos mostram que a ilha já foi colonizada uns 30 mil a 40 mil anos atrás. Ao longo de 500 gerações os autóctones viviam de forma completamente isolada, mais tempo do que qualquer outro povo do mundo.

Em 1982 a UNESCO declarou cerca de 20 por cento da área da Tasmânia como patrimônio mundial. 981 paisagens e patrimônios culturais em todo o mundo estão na lista, mas só 29 destes aparecem em ambos categorias, entre outros a "Tasmanian Wildlife Heritage Area".

Várias vezes o estatuto de patrimônio mundial tem protegido o meio ambiente de intervenções negativas. Em 1983 evitou-se a construção de barragens em dois rios e em 1988 e 1989 a exploração madeireira foi impedida em dois vales. Repetidamente a UNESCO insistiu em alargar o patrimônio mundial. Especialmente alguns eucaliptais foram considerados pela organização como ameaçados de desmatamento.

Em várias etapas o patrimônio mundial foi estendido efetivamente a 1,58 milhões de hectares. Ultimamente acrescentaram-se 170 mil hectares em 2013. 46 mil hectares disso já tinham sido protegidos como parque nacional, a área restante estava abrangida pelo “Tasmanian Forest Agreement”, um tipo de tratado de paz entre ambientalistas e a indústria florestal.

Graças ao alargamento em 2013, um corredor de 180 quilômetros de comprimento com eucaliptais estava sob proteção da UNESCO. Também compreendeu 58 das árvores mais altas das quais mais de cem exemplares crescem no parque.

Agora o governo australiano quer cortar 74 mil hectares do patrimônio mundial. A justificação: as áreas não são dignas de proteção. Segundo os políticos não se trata de mata virgem, mas sim às vezes até de plantações.

Ambientalistas como Bob Brown contrariam. Dizem que somente entre cinco e seis por cento dos 74 mil hectares foram utilizados por homens nos 50 anos passados e 90 por cento são intocados.

Agora o pedido está à vista no Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO que vai decidir sobre o assunto na sua reunião em Qatar entre 15 e 25 de Junho.

Carta

Para: o Primeiro-Ministro da Austrália Tony Abbott, o Ministro do Meio Ambiente Greg Hunt

Prezados senhores Primeiro-Ministro Tony Abbott e Ministro do Meio Ambiente Greg Hunt,

o vosso governo quer excluir 74 mil hectares da “Tasmanian Wilderness World Heritage Area“. Assim esta área perderia a proteção da UNESCO e os preciosos eucaliptais, nos quais crescem as folhosas mais altas do mundo, ficariam ameaçados.

A vossa decisão assusta depois do alargamento do patrimônio mundial da UNESCO em Junho de 2013 sob o impulso do anterior governo. Com o vosso plano de reduzir o patrimônio mundial outra vez, a política ambiental da Austrália mostra-se retrógrada e inconsistente. Assim os senhores estão isolando o vosso país a nível internacional e prejudicando a vossa reputação gravemente.

Por favor, repensem a vossa política desastrosa e abram mão do plano de roubar grandes áreas do patrimônio mundial da UNESCO.

Com os melhores cumprimentos,

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