Brasil: natureza ou eucalipto?

As plantações florestais também são chamados de “desertos verdes” (foto: A. Hofer / I. Gonçalves de Souza) (© Angelika Hofer / Ivonete Gonçalves de Souza)
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Lobos, nandus, antas – o cerrado no Brasil é o habitat de muitas raras espécies animais e vegetais. A savana no coração do Brasil também é a terra natal de indígenas e pequenos agricultores. Mas o cultivo de soja, a pecuária e ultimamente as plantações de eucalipto ameaçam o bioma

Apelo

Para: Sr. José Inácio Sodré Rodrigues, Superintendente do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no estado de Maranhão, e Sr. Luiz Alfredo Fonseca, Presidente do ITERMA (Instituto de Colonização e Terras do Estado de Maranhão)

“Ajudem a proteger o cerrado, a conceder títulos de terra às comunidades tradicionais e a impedir as monoculturas de eucalipto”

Abrir a petição

“A Suzano destrói nossa base de vida: nossas árvores frutíferas e plantas medicinais, os animais selvagens, até a beleza e a vastidão da natureza”, lamenta um líder camponês.

Cerca de dois terços do cerrado já foram desarborizados pela indústria de soja, queimados por criadores ou destruídos como fonte de matéria-prima para a produção de carvão. Agora a empresa Suzano Papel e Celulose está desmatando o cerrado para monoculturas de eucalipto.

A rede ambientalista World Rainforest Movement (WRM) visitou a microrregião do Baixo Parnaíba no estado brasileiro do Maranhão. A Suzano já se apoderou de entre 30 mil e 40 mil hectares nesta região. Ao todo, 560 mil hectares de plantações de eucalipto estão previstos no Nordeste do Brasil.

Segundo o WRM, a empresa não só quer fornecer as suas usinas de papel da madeira, mas também entrar no mercado lucrativo de energia “renovável”. As árvores cortadas em aparas de madeira devem ser vendidas a centrais e produtores de “pellets” na Europa. A política de energia renovável da União Européia incentiva a demanda de madeira como matéria combustível.

Para o cerrado e os seus habitantes, as monoculturas de eucalipto são uma catástrofe. Poucos animais e plantas podem viver nelas. Os solos e os recursos de água são arruinados. A demanda enorme de água faz com que o nível das águas subterrâneas baixe drasticamente e as águas naturais sequem.

Além disso, a Suzano expulsa os habitantes, beneficiando do fato de que muitos agricultores e comunidades rurais não possuem títulos de posse de terra oficiais. O Estado adjudica à empresa concessões de terra por cima da cabeça das pessoas.

Por isso, os habitantes pedem que nós assinemos a petição do WRM dirigida às autoridades estaduais no Brasil:

Mais informações

Suzano Papel e Celulose

Segundo as suas próprias informações, a Suzano Papel e Celulose explora mais de 800 mil hectares de florestas tropicais e plantações. Estas já ocupam 346 mil hectares nos estados Bahia, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Tocantins e Piauí.

As plantações florestais orientam-se pelo rendimento máximo de biomassa, até 8 mil árvores de eucalipto por hectare (100 x 100 metros) crescem ali, informa o World Rainforest Movement. Além disso, a empresa trabalha com culturas de eucalipto, cujas caraterísticas químicas foram modificadas. A madeira delas deve ter um maior valor energético. No laboratório a Suzano até experimenta com árvores geneticamente modificadas.

Lenha e o boom dos "pellets" na Europa

A União Européia apóia energeticamente a combustão de madeira. A assim chamada energia renovável deve poupar o clima. Não só grandes lenhas, mas também madeira prensada – os assim chamados “pellets” – estão ganhando mais espaço. Já há muito não só resíduos de madeira como serradura servem como matéria-prima, mas cada vez mais madeira de arranques e plantações industriais.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente alerta para o fato de a alta demanda de biomassa por parte dos países industrializados resultar nos países do Sul global em uma transformação de vastos territórios em monoculturas industriais:

http://www.unep.org/resourcepanel/Portals/24102/PDFs//Full_Report-Assessing_Global_Land_UseEnglish_%28PDF%29.pdf

Mais informações sobre as plantações de eucalipto da Suzano em inglês:

The Ecologist: Biomass: The chain of destruction

Estudo do World Rainforest Movement: Eucaliptus plantations for energy: A case study of Suzano´s plantations for wood pellet exports in the Baixo Parnaíba region, Maranhao, Brazil

Carta

Para: Sr. José Inácio Sodré Rodrigues, Superintendente do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no estado de Maranhão, e Sr. Luiz Alfredo Fonseca, Presidente do ITERMA (Instituto de Colonização e Terras do Estado de Maranhão)

Prezados Senhores,

Através desta carta, queremos chamar sua atenção para a situação difícil vivida pelas comunidades tradicionais, incluindo as comunidades quilombolas, na região do Baixo Parnaíba. Há anos, essas comunidades lutam por reconhecimento e regularização dos territórios que tradicionalmente ocupam e usam de uma forma que conserva o bioma do cerrado, o qual tem um papel fundamental para elas e para a economia local.

Solicitamos que os senhores, conforme a competência de cada órgão, prossigam com os processos de regularização fundiária de comunidades localizadas no Pólo Coceira, Santa Quitéria, Bracinho, Urbano Santos e Enxu, em São Bernardo, além de promover a vistoria e a desapropriação dos territórios de Santa Rosa dos Garretos, Boa União, São Raimundo e Bom Princípio, Urbano Santos, Mangueira, em Chapadinha, Vertentes, Santa Quitéria, Alto Bonito e São Benedito, em São Bernardo, e a titulação da comunidade quilombola de Bom Sucesso, em Mata Roma.

As comunidades do Baixo Parnaíba têm sofrido, nos últimos anos, com a pressão de fazendeiros que buscam converter suas áreas de chapada cobertas de cerrado em monoculturas de soja. Sofrem também com a empresa Suzano Papel e Celulose, que busca se apropriar dos territórios das comunidades da mesma forma e plantar a monocultura de eucalipto para a produção de celulose de exportação e para um projeto de produção de “pellets” de madeira de exportação, que geraria energia chamada “renovável” na Europa.

Nestes últimos anos, sem avançar muito com os processos de regularização dos seus territórios, comunidades foram obrigadas a defender, com seus próprios corpos, esses territórios e o cerrado da destruição por parte das máquinas da Suzano.

É inaceitável que comunidades que vivem nessa região há gerações e o fazem em equilíbrio com o ambiente do cerrado sofram este tipo de pressão de empresas como a Suzano, cujo único interesse é usar a terra para lucrar.

É absolutamente urgente que os senhores dêem respostas concretas a essas comunidades, sendo que a melhor delas seria a regularização, desde já, de todos os territórios citados nesta carta, garantindo o futuro, a segurança e o bem-estar necessários dessas comunidades tradicionais/quilombolas.

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