Gana: a floresta de Atiwa tem que ser protegida

Colagem de animais e plantas que vivem na floresta de Atiwa

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A floresta de Atiwa está entre as maiores áreas de floresta tropical intata da África Ocidental. Ela fornece cinco milhões de pessoas e inúmeras espécies de animais e plantas de água e alimentação. Mas o governo quer extrair bauxita ali. Ambientalistas exigem a declaração de Atiwa como parque nacional e pedem a nossa ajuda

Apelo

Para: Presidente John Dramani Mahama; Ministro da Água e da Construção - Alhaji Collins Dauda; Ministro do Meio Ambiente e da Pesquisa - Dr. Oteng Adjei; Ministro dos Recursos - Alhaji Inusah Fuseini; Ministra dos Assuntos Sociais - Nana Oye Lithur

“O governo do Gana deve declarar a floresta de Atiwa como parque nacional e protegê-la de qualquer exploração”

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Com a floresta de Atiwa no Sudeste do Gana o país possui um dos maiores tesouros naturais da África Ocidental. A variedade da paisagem criou uma biodiversidade muito especial: a selva perene com samambaias de oito metros de altitude, o pântano e os rios funcionam como refúgio para as espécies animais e vegetais mais raras da África.

Por causa da sua biodiversidade excepcional, a floresta de Atiwa foi declarada como área de proteção abrangendo ao tudo 260 quilômetros quadrados. Mas infelizmente os tesouros não só ficam entre o céu e a terra, senão também no solo: a área é rica em bauxita. E o governo quer explorar e comercializá-la agora.

“As nossas florestas devem ser vendidas a empresas mineiras e transformadas em minas”, escreve Daryl Bosu da organização não-governamental A Rocha Gana, “sem ter em conta os impagáveis recursos naturais das quais vivemos.”

Com as suas fontes a floresta de Atiwa abastece cinco milhões de pessoas de água potável. Fornece os habitantes da floresta de alimentos, medicina, material para a construção de casas, ferramentas e roupa. E protege-os de inundações e secas.

Nos últimos anos várias empresas internacionais têm recebido autorizações para inspeções do solo. “Tudo aqui acontece à porta fechada”, diz Daryl Bosu. Ele teme que o governo vá apresentar fatos consumados à população.

Mas ainda há tempo para atuar. A Rocha Gana uniu-se com vários grupos em uma coligação anti-mineira (Coalition for NGOs Against Mining in Atiwa, CONAMA). Eles exigem do governo ganese que conserve a floresta de Atiwa de qualquer exploração e que a declare como parque nacional para que a área possa ser protegida efetivamente e com coerência.

Por favor, assinem a nossa petição ao governo do Gana.

Mais informações

Biodiversidade e abundância de água

A reserva da floresta de montanha Atiwa estende-se sobre aproximadamente 260 quilômetros quadrados no Sudeste do Gana e está assim entre os maiores áreas coerentes de floresta tropical intata da África Ocidental.

Em Atiwa nascem três dos maiores rios do Gana: o rio Ayensu, Birim e Densu. Através da barragem de Weija, o rio Densu fornece a capital Accra e os seus arredores, quer dizer mais de cinco milhões de habitantes, de limpa água potável.

O terreno inteiro é um mosaico de diferentes paisagens de floresta tropical: floresta úmida com claras nascentes e rios, planaltos, clareiras naturais, pastagens e pântanos. Conseqüentemente, a riqueza em espécies animais e vegetais é muito grande; muitas delas são endêmicas e/ou severamente ameaçadas.

Plantas: Com mais de 650 espécies de plantas vasculares, a floresta de Atiwa detém o recorde no Gana. Entre elas estão 323 espécies de árvores.

Borboletas: Mais de dois terços das espécies conhecidas no mundo vivem na floresta de Atiwa. Por exemplo o Mylothris atewa, uma grande borboleta que voa devagar e que não foi descoberta em nenhum outro lugar do mundo. E com 61 diferentes espécies de gafanhotos, Atiwa também é o número um de toda a África nesta categoria.

Mamíferos: Entre as mais de 40 espécies estão seis primatas – dois deles são muito raros e estão classificados na Lista Vermelho como ameaçados: o Colobus vellerosus e o Procolobus verus.

Pássaros: Com mais de 150 espécies, a floresta de Atiwa está entre os habitats de pássaros mais significativos da África. As raras espécies incluem, por exemplo, o Bycanistes cylindricus e o pássaro cantante Melaenornis annamarulae.

Anfíbios: Entre as 40 a 50 diferentes espécies de anfíbios está a Conraua derooi que, entretanto, está ameaçada de extinção. A maior população desta rã de 8 cm de tamanho vive nas bacias hidrográficas da floresta de Atiwa.

Ameaças de origem humana

Atividades realizadas pela população e por microempresários como o desmatamento ilegal, a caça furtiva para carne (bushmeat) e a extração de ouro nos sedimentos dos rios já prejudicaram a natureza.

Mas a maior ameaça para a floresta de Atiwa e a sua biodiversidade representa a exploração industrial das riquezas naturais – sobretudo bauxita, ou seja o minério de alumínio, e ouro. Desde há alguns anos o governo do Gana tem tentado fomentar a indústria de bauxita incluindo empresas internacionais. Diferentes grupos receberam autorizações para investigações geológicas. Entre estas empresas estão a Aluminium Corporation of America (ALCOA) assim como a Vimetco Ghana Bauxite Ltd., uma filial de cem por cento do grupo neerlandês Vimetco, que também trabalha na China, Romênia, Guiné e Serra Leoa. Em 2011 a Vimetco Ghana recebeu várias licenças para análises de solos e tem esperado desde então por direitos de mineração para 50 anos nas regiões de Kibi (Atiwa) e Nyanahin (Tano-Offin Forest Reserve), uma área de 482 km² ao tudo. O alumínio destina-se a uma instalação de fusão da empresa na China.

A organização não-governamental A Rocha Gana crê que a exploração de alumínio é devastador tanto para os homens como para a natureza. Causará danos inimagináveis na floresta tropical: erosão dos solos, contaminação das águas e perda da biodiversidade. A mineração ameaça os direitos tradicionais à terra dos habitantes e a fé religiosa do povo indígena dos Akyem Abuakwa. O direito deles a água, alimentos, trabalho e a exercer a cultura deles está em perigo.

Os moradores quase não poderão alimentar-se caso as terras aráveis e os rios serem contaminados. E ficarão doentes por causa dos tóxicos da mina de bauxita.

Conferência internacional para a proteção de Atiwa em Accra

Em 18 e 19 de Novembro de 2013 A Rocha Gana organizou, juntamente com a coligação de organizações não-governamentais contra a mineração em Atiwa (CONAMA), uma conferência internacional na capital do Gana, Accra. Ela tinha o título “Floresta de montanha de Atiwa, uma herança em uma encruzilhada. Qual será o futuro?”. Os organizadores convidaram políticos, órgãos de decisão da economia assim como diferentes organizações ambientalistas e de direitos humanos.

A meta desta conferência foi sensibilizar mais o público para a importância e as ameaças da floresta de montanha de Atiwa e exigir do governo que proteja a floresta de Atiwa, os reservatórios de água e a biodiversidade dela declarando-a como parque nacional.

Mais informações em inglês: www.saveatiwa.com.gh
Detalhes sobre a conferência em Accra: www.saveatiwa.com.gh/conference.php#.UnpafCgddxE

Fotos (Piotr Naskecki)

Rãs

Insetos

Plantas

Carta

Excelentíssimo Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Ministros,

nós pedimo-lhes e o seu governo urgentemente que não concedam mais licenças de mineração na floresta de montanha de Atiwa. Desde 1926, por causa da sua biodiversidade excepcional, a floresta de Atiwa foi declarada como área protegida a vários níveis – por último, em 2001 a BirdLife International classificou esta floresta tropical em uma área de pássaros importante (Important Bird Area, IBA).

Os senhores sabem da importância desta biodiversidade para o Gana e o mundo: a floresta albergue 40 espécies de mamíferos, entre elas o Colobus vellerosus ameaçado; 150 diferentes pássaros e mais de 30 espécies de anfíbios assim como a maior diversidade de borboletas na África Ocidental, além de um número de espécies vegetais que não existem em nenhuma outra área do Gana.

A floresta tropical de Atiwa também representa uma fonte de vida para os homens. Os rios dela abastecem cinco milhões de pessoas de limpa água potável. Os habitantes da floresta usam-na para alimentos, roupa, ferramentas e a construção de casas.

A mineração somente gerará lucros para poucas pessoas e só a curto prazo. Mas ela vai prejudicar ou até destruir o ecossistema para sempre.

Por isso pedimo-lhes que não concedam mais concessões de mineração e que declarem a área como parque nacional – em benefício das gerações atuais e futuras. Protejam e conservem a única flora e fauna do Gana.

Com os melhores cumprimentos,