180 mil hectares de floresta ameaçados por petroleira

Uma floresta tropical queimada © Feri Irawan / Montage Rettet den Regenwald
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A empresa italiana Agip-Eni constrói uma enorme refinaria de biodiesel perto de Veneza. O óleo de palma será importado do Sudeste Asiático. Para a produção prevista de 500 mil toneladas de diesel cerca de 180 mil hectares de floresta tropical têm que ser arrancados para as plantações. Por favor, chamem o governo e a empresa à razão

Apelo

Para: o governo italiano, a Agip-Eni

“A refinaria de biodiesel da Agip-Eni perto de Veneza causa o desmatamento de florestas tropicais para plantações e assim tem que ser evitada”

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Enquanto em Bruxelas a UE e os Estados-Membros continuam a discutir sobre o assim chamado biocombustível, o grupo energético semi-público Eni da Itália cria fatos. Perto de Veneza, a Eni está remodelando uma enorme refinaria para a produção de biodiesel a partir de óleo de palma.

“A refinaria em Marghera está sendo transformada para produzir o biocombustível da nova geração”, explica o diretor de investigação da Eni, James Rispoli, à imprensa italiana. “O recurso natural biológico será óleo de palma que vem da Indonésia e Malásia por via marítima.” Assim, a Eni seria capaz de cumprir os regulamentos europeus. Estes exigem que a quota de energia renovável no combustível perfaça 10 por cento até 2020. No início de 2014 as primeiras cargas de navio com o óleo de palma da Indonésia devem chegar em Veneza.

O grupo quer investir 100 milhões de euros na transformação da sua refinaria de petróleo no porto de Maghera. Em 2015 o complexo deve estar pronto com uma capacidade de produção de 500 mil toneladas de biodiesel. A Eni possui cinco grandes refinarias de petróleo na Itália e está ativa em mais de 90 países. Somente na Europa a Eni explora 6.384 postos de gasolina de Agip.

No ano passado 1,9 milhões toneladas de óleo de palma já foram acrescentadas ao combustível em toda a União Européia – além de muitos milhões de toneladas mais dos óleos igualmente nocivos de colza e soja. As plantações de dendezeiros necessárias para isso ocupam 700 mil hectares, quase sempre terra que há pouco ainda era floresta tropical e o espaço vital de aproximadamente cinco mil orangotangos ameaçados.

Com uma participação de um terço o Estado italiano é o maior acionista individual da Eni. Por favor, peçam ao governo italiano e ao grupo Eni que ponham fim à produção de agrocombustível:

Mais informações

Biocombustível na União Européia

A UE prescreve que até 2020 dez por cento do consumo de energia no setor de transporte sejam cobertos por energia renovável. Na prática trata-se quase sempre do assim chamado biocombustível. Outras fontes de energia renovável somente podem dar um contributo muito pequeno.

Apesar do desmatamento das florestas tropicais a UE classificou o biodiesel a partir de óleo de palma como produzido de modo sustentável. Certificados como aquele da Mesa Redonda Sobre Óleo de Palma Sustentável (RSPO) devem garantir a responsabilidade ambiental do combustível. Mas estes selos são ineficazes e um engano do consumidor.

As conseqüências da produção de óleo de palma

Os óleos de palma e de soja são os óleos vegetais mais baratos no mercado global. Constituindo uma quota do mercado mundial de quase 90 por cento, a Indonésia e a Malásia representam os dois maiores producentes de óleo de palma – e ao mesmo tempo os maiores destruidores da floresta tropical. As matas virgens são desmatadas para sempre novas plantações de dendezeiros, afim de satisfazer a demanda crescente do óleo tropical.

Mas muitas vezes os moradores também são expulsos violentamente da sua terra para dar lugar ao cultivo das plantas energéticas. Conflitos de terra são o resultado.

A produção de agrocombustível acarreta enormes impactos ambientais. Grandes quantidades de água, fertilizantes, pesticidas e energia são necessárias para a exploração das monoculturas, colheita, transporte, armazenagem e a produção do combustível vegetal a partir das matérias-primas agrícolas.

Estudos científicos encarregados pela Comissão Européia atestem resultados catastróficos da energia “sustentável”. Segundo estes estudos, a pegada climática de biodiesel a partir de óleo de palma, soja e colza é pior do que aquela do diesel fóssil à base de petróleo.

Portanto, na realidade a UE teria que proibir o biodiesel. Mas a produção de biocombustível é um negócio que movimenta milhões, incluindo abundantes subsídios e reduções de imposto. É por isso que a indústria agrária fez os possíveis para evitar a proibição do agrocombustível. A Eni é a maior empresa da Itália e uma das mais lucrativas da Europa.

Números acerca do biodiesel na UE

Na Itália, o óleo de palma produzido à custa das florestas tropicais já perfaz mais de um terço do biodiesel, como análises laboratoriais de Greenpeace mostraram.

Matérias-primas para a produção de biodiesel na UE em 2012, em milhões de toneladas (quantidade total: aprox. 9,4 milhões de toneladas)
Óleo de colza: 5,4 (57%)
Óleo de palma: 1,9 (20%)
Óleo de soja: 0,5 (5,3%)
Óleo de girassol: 0,1 (1,1%)
Sebo e gordura (resíduos de matadouros): 0,5 (5,3%)
Óleos reciclados (“óleos de fritura”): 1 (10,6%)

Consumo de óleo de palma para biodiesel na UE
2006: 0,4 milhão de toneladas
2012: 1,9 milhões de toneladas
aumento: 365%

Fonte: IISD 9-2013: The EU Biofuel Policy and Palm Oil: Cutting subsidies or cutting rainforest? http://www.iisd.org/gsi/sites/default/files/bf_eupalmoil.pdf

Carta

Para: o governo italiano, a Agip-Eni

Prezados senhores e senhoras,

eu soube com grande incompreensão que a Eni está construindo uma refinaria de biodiesel perto de Veneza. A matéria-prima será óleo de palma importado da Indonésia e Malásia.

Para o cultivo de dendezeiros as florestas tropicais no Sudeste Asiático são desmatados e o espaço vital dos orangotangos é destruído. A refinaria com uma capacidade anual de 500 mil toneladas de diesel à base de óleo de palma precisa de uma área de cultivo de aproximadamente 180 mil hectares na floresta tropical. Cerca de 1.200 organotangos perderiam assim as suas bases de vida e morreriam.

A construção da refinaria de biodiesel da Eni perto de Veneza nem é ecológico nem responsável e assim tem que ser evitada imediatamente.

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