Não matar morcegos em Maurício!

Filhote de morcego Filhote de morcego (© courtesy of Sharlene Kemp)
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Nas Ilhas Maurício, o governo quer matar 10 mil morcegos até o Natal. Alegadamente, eles comem a colheita dos produtores de frutas. O disparo poderia levar à extinção da espécie. Por favor, exijam o fim da matança dos morcego sem demora.

Apelo

Para: Presidente Ameenah Gurib e o governo de Primeiro-Ministro Anerood Juhnauth

“Maurício quer matar milhares de morcegos, porque produtores de frutas se queixam de perdas. Isto poderia causar a exterminação da espécie e tem que ser evitado.”

Abrir a petição

Defensores dos animais lutam contra a matança. “O abate não pode ser justificado com nada”, diz Vikash Tatayah da Mauritian Wildlife Foundation.

Até agora o governo alegou que inúmeros fruit bats comessem as mangas e lichias dos produtores de frutas. Por isso decidiu deixar matar 10 mil morcegos.

No ano passado, o governo já tinha ordenado um abate em massa. Mas não só mataram o número anunciado de 20 mil morcegos, mas sim 30.938 animais.

Supostamente, em Maurício vivem 65 mil animais da espécie pteropus niger, mas especialistas estimam que o número real seja bem menor. A ação poderia extinguir a espécie quase totalmente, avisa a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que publica a Lista Vermelha das espécies ameaçadas. Atualmente, os morcegos em Maurício estão classificados como “vulneráveis”, mas logo poderiam passar a estar “criticamente ameaçados”. Um ciclone ou uma seca poderia bastar para exterminar a população inteira.

Um estudo da Universidade de Bristol refuta a queixa de que os morcegos sejam responsáveis pela má colheita dos produtores de frutas. Segundo os cientistas, os morcegos somente contribuíam a 11 por cento da perda e o problema mais grave era a má gestão dos pomares. Seria de grande ajuda se os fruticultores cobrissem as árvores com redes contra aves.

Defensores do disparo ignoram que os maiores mamíferos domésticos da ilha (com 80 cm de envergadura!) polinizam flores e dispersam sementes. Um abate em massa nesta época do ano mataria fêmeas grávidas e tornaria filhotes em órfãos – sem chance de sobrevivência.

Por favor, assinem o nosso apelo ao governo de Maurício ainda hoje.

Mais informações

Aqui você pode encontrar informações científicas:

The impact of the Mauritius Fruit Bat (Pteropus niger) on commercial fruit farms and possible mitigation measures
Going to Bat for an Endangered Species

Este vídeo resume a problemática muito bem.

Carta

Para: Presidente Ameenah Gurib e o governo de Primeiro-Ministro Anerood Juhnauth

Excelentíssima Senhora Presidente Ameenah Gurib,
excelentíssimo Senhor Primeiro-Ministro Anerood Juhnauth,
excelentíssimos Senhores Ministros Alain Wong e Mahen Kumar Seeruttun,

o vosso governo está planejando a matança de milhares de morcegos. Assim tem em conta a queixa dos fruticultores de que os “fruit bats” comessem as frutas deles.

Ambientalistas e cientistas avisam insistentemente contra a ação:
A população dos morcegos é provavelmente bem menor do que os 65 mil animais frequentemente mencionados. Cientistas estimam uma população de 50 mil morcegos. A ação poderia colocar a espécie à margem da extinção, adverte a UICN. Até agora, a espécie está classificada como “vulnerável”, mas logo poderia passar a estar “criticamente ameaçada”.

A queixa de que os morcegos sejam responsáveis pela perda da colheita, foi refutada. Os morcegos contribuem somente a 11 por cento da perda. Um abate em massa não ajuda os produtores de frutas e nem faz sentido de uma perspetiva econômica.

Por outro lado, as preocupações ecológicas e éticas são muito importantes: os planos ignoram que os morcegos polinizam flores e dispersam sementes por toda a ilha. O disparo aconteceria numa época quando fêmeas estão grávidas ou criam os filhotes. Grande parte da próxima geração seria exterminada.

A população das Ilhas Maurício rejeita a matança de morcegos. Mais que 90 por cento disseram num inquérito que eles tinham um sentimento “neutro até muito positivo” para com os animais.

Por favor, tomem as advertências dos cientistas a sério e parem com a matança dos morcegos. Não deveriam arriscar a extinção de uma espécie que somente existe em Maurício.

O abate em massa prejudicaria gravemente a imagem de Maurício no mundo.

Com os meus sinceros agradecimentos

Tema

O ponto de partida: Por que a biodiversidade é tão importante?

 

Biodiversidade compreende três campos estreitamente ligados entre si: a diversidade das espécies, a diversidade genética dentro das espécies e a diversidade dos ecossistemas, como por exemplo, florestas ou mares. Cada espécie é parte de uma rede de conexões altamente complexa. Quando uma espécie é extinta, essa extinção tem repercussão sobre outras espécies e outros ecossistemas.

Globalmente, até hoje já foram descritas duas milhões de espécies, especialistas avaliam o número como amplamente maior. Florestas tropicais e recifes de corais pertencem aos ecossistemas com a mais alta biodiversidade e complexidade de organização da Terra. Cerca da metade de todas as espécies de animais e plantas vivem nas florestas tropicais.

A diversidade biológica é, em si, digna de proteção, além de ser para nós, condição de vida. Diariamente, fazemos uso de alimentos, água potável, medicamentos, energia, roupas ou materiais de construção. Ecossistemas intactos asseguram a polinização das plantas e a fertilidade do solo, protegendo-nos de catástrofes ambientais como enchentes ou deslizamentos de terra, limpam água e ar e armazenam gás carbônico (CO2), o qual é danoso para o clima.

A natureza é também a casa e ao mesmo, lugar espiritual de muitos povos originários da floresta. Estes são os melhores protetores da floresta, porquanto é especialmente em ecossistemas intactos que se encontra a base para a vida de muitas comunidades indígenas.

A conexão existente entre destruição da natureza e surgimento de pandemias é conhecida de há muito, não tendo surgido pela primeira vez com o coronavírus. Uma natureza intacta e com bastante diversidade protege-nos de doenças e de outras pandemias.

Para saber mais sobre esta conexão, pode clicar nos link abaixo:

https://www.ufrgs.br/jornal/conexoes-entre-desequilibrios-ambientais-e-o-surgimento-de-doencas-infecciosas-na-amazonia/

https://www.dw.com/pt-br/o-elo-entre-desmatamento-e-epidemias-investigado-pela-ci%C3%AAncia/a-53135352

Os efeitos: extinção de espécies, fome e crise climática

 

O estado da natureza vem piorando dramaticamente, em escala global. Cerca de um milhão de espécies de animais e plantas estão ameaçadas de serem extintas, já nas próximas décadas. Atualmente, 37.400 plantas e animais estão na lista vermelha da organização de proteção ambiental IUCN como espécies ameaçadas de extinção – um tristíssimo recorde! Especialistas chegam a dizer que se trata da sexta maior mortandade de espécies da história da Terra – a velocidade da extinção global das espécies aumentou cem vezes nos últimos dez milhões de anos, e isso por causa da influência humana no meio-ambiente.

Também numerosos ecossistemas, em todo o globo – sendo 75% ecossistemas terrestres e 66% marinhos – estão ameaçados. Somente 3% deles estão ecologicamente intactos, como, por exemplo, partes da bacia amazônica e da bacia do Congo. Especialmente afetados são ecossistemas ricos em biodiversidade, como florestas tropicais e recifes de corais. Cerca de 50% de todas as florestas tropicais foram destruídas nos últimos 30 anos. A extinção dos corais aumenta constantemente com o avançar do aquecimento global.

As principais causas para a grave diminuição da biodiversidade são a destruição de habitats, a agricultura intensiva, a pesca predatória, a caça ilegal e o aquecimento global. Cerca de 500 (quinhentos) bilhões de dólares americanos são investidos por ano, globalmente, na destruição da natureza, da seguinte forma: exploração de pecuária intensiva, subvenções para exploração de petróleo e carvão, desmatamento e impermeabilização do solo.

A perda de biodiversidade tem consequências sociais e econômicas extensas, pois a exploração dos recursos é feita em detrimento dos interesses de milhões de pessoas do Sul Global. Os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável almejados pela ONU – como, por exemplo, o combate à fome e à pobreza - somente poderão ser alcançados se for a biodiversidade for mantida em escala global e utilizada sustentavelmente para as próximas gerações.

Sem a conservação da biodiversidade, a proteção do clima também fica ameaçada. A destruição de florestas e pântanos – eis que ambos são redutores de gás carbônico – agrava a crise climática.

A solução: menos é mais!

 

Os recursos naturais da Terra não estão ilimitadamente à nossa disposição. Praticamente, consumimos recursos no volume correspondente a duas Terras e se mantivermos essa velocidade de consumo, até 2050, consumiremos, no mínimo, recursos no volume de 3 (três) planetas Terra. Para lutar pela conservação da diversidade biológica como nossa condição de vida, precisamos aumentar mais ainda a pressão sobre os nossos governantes. E mesmo no nosso simples cotidiano, podemos agir contribuindo para o mudar da coisa.

Com estas dicas para o dia-a-dia, nós protegemos o meio-ambiente:

  1. Comer plantas com mais frequência: mais legumes e “queijo” de soja (tofu) e menos ou nada de carne no prato! Cerca de 80% das áreas agrárias, em escala global, são usadas para pecuária intensiva e para o cultivo de ração animal;
  2. Alimentos regionais e orgânicos:mantimentos produzidos ecologicamente dispensam o cultivo de monoculturas gigantes e o uso de pesticidas. E a compra de produtos locais economiza uma enorme quantidade de energia;
  3. Viver com consciência: Será que é preciso mesmo comprar ainda mais roupas, ou um celular novo? Ou será que, para coisas do cotidiano, dá para comprar coisas já usadas? Existem boas alternativas para produtos com óleo de palma ou para a madeira tropical! Ter, como bicho de estimação, animais selvagens tropicais como papagaios ou répteis é tabu total! Outra coisa útil é calcular o seu dispêndio pessoal de recursos naturais (a chamada “pegada ecológica”);
  4. Ter relações amistosas com as abelhas: você pode proporcionar uma alegria para abelhas e outros insetos, plantando espécies diferenciadas e saborosas na sacada do seu apartamento ou no quintal da sua casa. Também dá para colaborar sem plantar o verde na própria casa, participando de projetos de proteção à natureza na sua região;
  5. Apoiar protestos: manifestações ou petições contra o aquecimento global ou para uma revolução agrária faz pressão nos governantes, que também são responsáveis pela proteção da biodiversidade.

Leia aqui porque tantas espécies são extintas antes de serem descobertas

 

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