Indonésia em chamas para biodiesel

No Parque Nacional Tanjung Puting, ambientalistas apagam o fogo com ferramentas simples. No Parque Nacional Tanjung Puting na Indonésia, ambientalistas tentam apagar o fogo.

14 de jan. de 2016

No Parque Nacional Tanjung Puting na Indonésia a floresta tropical tem sido destruída para óleo de palma há anos. A jornalista alemã Inge Altemeier esteve no local em Dezembro. Leia a entrevista com ela.

Como estão os orangotangos no Parque Nacional Tanjung Puting?

Depois dos incêndios o habitat continuou a diminuir. Os animais famintos chegam nas aldeias e roubam os campos e os jardins. Sempre de novo encontram-se orangotangos em plantações de dendezeiros. Fajar, da organização Orang-Utan Friends International (OFI), é chamado para que os resgate. Mas ele não quer funcionar como recolha de lixo para antropóides indesejados.

Plantações no parque nacional, isto não pode ser legal. Como é que as empresas procedem?

A empresa BGA, por exemplo, aproveitou-se do fato que numa zona específica do parque seja possível que moram pessoas privadas e abateu a floresta durante uma noite. Foi comprovado para uma área de 80 hectares que o desmatamento foi realizado dentro da zona proibida 1. A BGA teve que devolver esta terra. Basuki reflorestou esta área, mas agora foi tudo queimado. Existem várias indicações e provas que se pôs fogo no terreno da BGA.

Como é que os indígenas se opõem às práticas das empresas de plantações?

Com uma força enorme, Basuki e o seu parceiro Fajar impedem o caminho das empresas de óleo de palma. Desde 2004 eles tem produzido mudas para florestas tropicais e plantam-as no parque. Muitos voluntários participam nas atividades de reflorestamento. Como especialistas florestais, Basuki e Fajar sabem quais árvores têm que ser plantadas para que surjam novas florestas.

Mas durante o último incêndio quase todas as novas árvores foram queimadas. Basuki e os voluntários viveram na floresta durante mais de dois meses e combateram o fogo, muitas vezes de mãos nuas. Eles conseguiram conservar as zonas centrais nas quais vive o maior número de orangotangos.

Os incêndios duraram vários meses, a luta contra as plantações até anos. Você acha que os indígenas ainda têm força?

Durante uma entrevista, Basuki contou que todas as noites ele sonhava com os fogos. Muitos lutadores estão traumatizados e padecem das consequências para a saúde, porque a alta poluição atmosférica pode causar até ataques vasculares celebrais. Basuki começa a chorar quando falar sobre os meses de incêndio. O trabalho dele, que tinha realizado durante dez anos, foi destruído. Mas ele diz: “Nós temos que continuar a plantar árvores. Os animais selvagens não têm outro lugar para viver.”

As florestas indonésias são queimadas. O que é que isto tem a ver connosco na Europa?

Empresas como a Unilever, Ferrero e Nestlé estão entre os maiores compradores de óleo de palma. Num lagar certificado como sustentável, as frutas da exploração abusiva podem ser transformadas em “óleo de palma sustentável”, porque a origem das gotas de óleo não pode ser demonstrada. Desta forma, os consumidores são enganados regularmente com a promessa de óleo de palma sustentável.

E a história do biodiesel é ainda mais maluca: os desmatadores do Tanjung Puting possuem mais plantações nas quais cultivam dendezeiros. Nestas plantações filmamos orangotangos desorientados em 2008. Aqui a floresta primária foi abatida. Agora a safra está declarada como “sustentável” e é transportada para produtores de biodiesel na Europa.

O que é que nós podemos fazer?

Não é possível que as empresas nos enganem constantemente. Deveriam ser entregues à justiça por isso. Além disso, o nosso governo já não deve apoiar estas mentiras. Nenhum centavo deve ser investido na política de branqueamento ecológico. No local podemos apoiar pessoas como Basuki e Fajar. Certamente com dinheiro, para reflorestar o parque nacional, mas também com a nossa amizade.

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