Camponeses brasileiros exclamam:não queremos árvores transgênicas

Mehrere Reihen von Baumstämmen in einer Eukalyptusplantage © Klaus Schenck
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Ambientalistas e agricultores brasileiros fazem soar o alarme. No Brasil, eucaliptos geneticamente modificados ameaçam homem e natureza. As árvores devem ser plantadas em enormes plantações industriais. Dentro em breve, o governo poderia dar luz verde. Por favor, ajude para que isto não aconteça

Apelo

Para: Governo brasileiro e ministérios

“Árvores transgênicas não devem ser aprovadas: pioram ainda mais os graves impactos das plantações industriais sobre homem e natureza”

Abrir a petição

Em 5 de Março, mil pequenos agricultores ocuparam o terreno da empresa FuturaGene no Estado de São Paulo. Eles manifestaram contra os planos de estabelecer plantações industriais com eucaliptos geneticamente modificados. Os manifestantes arrancaram milhares de árvores transgênicas que a empresa cultiva em estufas.

Ao mesmo tempo, 300 camponeses ocuparam o escritório da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) na capital Brasília. O instituto, que pertence ao Ministério da Investigação, decidirá dentro em breve se as árvores geneticamente modificadas podem ser plantadas.

Por causa da manifestação, uma reunião da comissão tinha que ser interrompida. As atividades estavam coordenadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e pela organização mundial dos pequenos agricultores, La Vía Campesina.

Nos monocultivos atuais o eucalipto cresce durante sete anos até que seja cortado, enquanto as árvores transgênicas só precisam de quatro anos. O crescimento mais rápido consumiria muito mais água. Agora já se precisam 25 até 30 litros por cada árvore por dia. “Por isso, fazemos soar o alarme contra estes desertos verdes e exigimos do governo que rejeite o pedido da FuturaGene“, diz a agricultora Catiane Cinelli.

Nos últimos anos, a FuturaGene, filial da empresa de papel Suzano, tem experimentado com eucaliptos transgênicos. Assim, agrava ainda mais os impactos das plantações industriais sobre a natureza e a população local.

No Brasil, os monocultivos de eucalipto já se estendem em cinco milhões de hectares. Não oferecem nenhum espaço vital para plantas e animais, consomem grandes quantidades de água e destroem os solos. Sobre tudo papéis higiénicos e de impressão são produzidos a partir de fibras de eucalipto e exportam-se para todo o mundo.

Por favor, apóiem a petição ao governo!

Mais informações

Os monocultivos de eucalipto da indústria brasileira do papel e da pasta de papel estendem-se, sobretudo, perto da costa nos Estados de Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Muitas vezes a vegetação natural das áreas afetadas, a Mata Atlântica rica em biodiversidade e severamente ameaçada, tem que dar lugar às plantações de eucalipto. Frequentemente as empresas de plantações também expulsam pequenos agricultores e indígenas da terra ancestral deles.

Os eucaliptos consomem muita água para o seu crescimento rápido. Por isso, usualmente as águas naturais nas regiões das plantações secam dentro de poucos anos e os lençóis freáticos diminuem.

Nas regiões onde se estendem, os monocultivos também reprimem os arbustos com medidas químicas. Nas plantações industriais, cada cobertura é destruída de forma mecânica e com herbicidas. Pesticidas devem controlar as pragas freqüentes de insetos, fungos e vírus. Os solos secam, são desgastos e contaminados.

Depois de poucos anos, as árvores são cortadas e preparadas mecanicamente com máquinas de safra automáticas. As máquinas pesadas compactam os solos. Só poucos postos de trabalho são gerados. Por isso, as plantações são chamadas de desertos verdes.

Artigo e ação do World Rainforest Movement (WRM) do Uruguai:

"URGENTE: Eucalipto transgênico pode ser aprovado no Brasil"

Brasil de Fato, 5.3.2015: "Com protesto de centenas de camponesas, CTNBio adia decisão sobre eucalipto transgênico"

Comunicado de imprensa do MST, 5.3.2015: "Após ocupação na Suzano, outros 300 camponeses ocupam prédio da CTNBio"

Carta

Para: Governo brasileiro e ministérios

Prezados Senhores e Senhoras Ministros e Ministras,

por favor recusem o pedido da empresa FuturaGene de poder plantar eucaliptos geneticamente modificados monocultivos.

Já agora as plantações industriais de eucaliptos estendem-se em cinco milhões de hectares em todo o país. Destroem os ecossistemas naturais e expulsam a população local.

Além disso, as árvores, que crescem muito rápido, consomem muita água e tornam os solos infrutíferos. O Brasil já está sofrendo com uma seca catastrófica e o abastecimento de água dos habitantes está racionado.

As abelhas e a produção de mel também são ameaçadas pelas árvores transgênicas. Abelhas visitam eucaliptos, o mel seria contaminado pelos eucaliptos geneticamente modificados e mal estaria vendível. Isto ameaçaria a existência de meio milhão de apicultores e produtores de mel.

O afã dos lucros de poucas empresas não deve ter prioridade sobre o bem dos cidadãos e da proteção do meio ambiente, Por esta razão, por favor proíbam as árvores transgênicas.

Com os melhores cumprimentos,

Tema

O ponto de partida: Por que a biodiversidade é tão importante?

 

Biodiversidade compreende três campos estreitamente ligados entre si: a diversidade das espécies, a diversidade genética dentro das espécies e a diversidade dos ecossistemas, como por exemplo, florestas ou mares. Cada espécie é parte de uma rede de conexões altamente complexa. Quando uma espécie é extinta, essa extinção tem repercussão sobre outras espécies e outros ecossistemas.

Globalmente, até hoje já foram descritas duas milhões de espécies, especialistas avaliam o número como amplamente maior. Florestas tropicais e recifes de corais pertencem aos ecossistemas com a mais alta biodiversidade e complexidade de organização da Terra. Cerca da metade de todas as espécies de animais e plantas vivem nas florestas tropicais.

A diversidade biológica é, em si, digna de proteção, além de ser para nós, condição de vida. Diariamente, fazemos uso de alimentos, água potável, medicamentos, energia, roupas ou materiais de construção. Ecossistemas intactos asseguram a polinização das plantas e a fertilidade do solo, protegendo-nos de catástrofes ambientais como enchentes ou deslizamentos de terra, limpam água e ar e armazenam gás carbônico (CO2), o qual é danoso para o clima.

A natureza é também a casa e ao mesmo, lugar espiritual de muitos povos originários da floresta. Estes são os melhores protetores da floresta, porquanto é especialmente em ecossistemas intactos que se encontra a base para a vida de muitas comunidades indígenas.

A conexão existente entre destruição da natureza e surgimento de pandemias é conhecida de há muito, não tendo surgido pela primeira vez com o coronavírus. Uma natureza intacta e com bastante diversidade protege-nos de doenças e de outras pandemias.

Para saber mais sobre esta conexão, pode clicar nos link abaixo:

https://www.ufrgs.br/jornal/conexoes-entre-desequilibrios-ambientais-e-o-surgimento-de-doencas-infecciosas-na-amazonia/

https://www.dw.com/pt-br/o-elo-entre-desmatamento-e-epidemias-investigado-pela-ci%C3%AAncia/a-53135352

Os efeitos: extinção de espécies, fome e crise climática

 

O estado da natureza vem piorando dramaticamente, em escala global. Cerca de um milhão de espécies de animais e plantas estão ameaçadas de serem extintas, já nas próximas décadas. Atualmente, 37.400 plantas e animais estão na lista vermelha da organização de proteção ambiental IUCN como espécies ameaçadas de extinção – um tristíssimo recorde! Especialistas chegam a dizer que se trata da sexta maior mortandade de espécies da história da Terra – a velocidade da extinção global das espécies aumentou cem vezes nos últimos dez milhões de anos, e isso por causa da influência humana no meio-ambiente.

Também numerosos ecossistemas, em todo o globo – sendo 75% ecossistemas terrestres e 66% marinhos – estão ameaçados. Somente 3% deles estão ecologicamente intactos, como, por exemplo, partes da bacia amazônica e da bacia do Congo. Especialmente afetados são ecossistemas ricos em biodiversidade, como florestas tropicais e recifes de corais. Cerca de 50% de todas as florestas tropicais foram destruídas nos últimos 30 anos. A extinção dos corais aumenta constantemente com o avançar do aquecimento global.

As principais causas para a grave diminuição da biodiversidade são a destruição de habitats, a agricultura intensiva, a pesca predatória, a caça ilegal e o aquecimento global. Cerca de 500 (quinhentos) bilhões de dólares americanos são investidos por ano, globalmente, na destruição da natureza, da seguinte forma: exploração de pecuária intensiva, subvenções para exploração de petróleo e carvão, desmatamento e impermeabilização do solo.

A perda de biodiversidade tem consequências sociais e econômicas extensas, pois a exploração dos recursos é feita em detrimento dos interesses de milhões de pessoas do Sul Global. Os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável almejados pela ONU – como, por exemplo, o combate à fome e à pobreza - somente poderão ser alcançados se for a biodiversidade for mantida em escala global e utilizada sustentavelmente para as próximas gerações.

Sem a conservação da biodiversidade, a proteção do clima também fica ameaçada. A destruição de florestas e pântanos – eis que ambos são redutores de gás carbônico – agrava a crise climática.

A solução: menos é mais!

 

Os recursos naturais da Terra não estão ilimitadamente à nossa disposição. Praticamente, consumimos recursos no volume correspondente a duas Terras e se mantivermos essa velocidade de consumo, até 2050, consumiremos, no mínimo, recursos no volume de 3 (três) planetas Terra. Para lutar pela conservação da diversidade biológica como nossa condição de vida, precisamos aumentar mais ainda a pressão sobre os nossos governantes. E mesmo no nosso simples cotidiano, podemos agir contribuindo para o mudar da coisa.

Com estas dicas para o dia-a-dia, nós protegemos o meio-ambiente:

  1. Comer plantas com mais frequência: mais legumes e “queijo” de soja (tofu) e menos ou nada de carne no prato! Cerca de 80% das áreas agrárias, em escala global, são usadas para pecuária intensiva e para o cultivo de ração animal;
  2. Alimentos regionais e orgânicos:mantimentos produzidos ecologicamente dispensam o cultivo de monoculturas gigantes e o uso de pesticidas. E a compra de produtos locais economiza uma enorme quantidade de energia;
  3. Viver com consciência: Será que é preciso mesmo comprar ainda mais roupas, ou um celular novo? Ou será que, para coisas do cotidiano, dá para comprar coisas já usadas? Existem boas alternativas para produtos com óleo de palma ou para a madeira tropical! Ter, como bicho de estimação, animais selvagens tropicais como papagaios ou répteis é tabu total! Outra coisa útil é calcular o seu dispêndio pessoal de recursos naturais (a chamada “pegada ecológica”);
  4. Ter relações amistosas com as abelhas: você pode proporcionar uma alegria para abelhas e outros insetos, plantando espécies diferenciadas e saborosas na sacada do seu apartamento ou no quintal da sua casa. Também dá para colaborar sem plantar o verde na própria casa, participando de projetos de proteção à natureza na sua região;
  5. Apoiar protestos: manifestações ou petições contra o aquecimento global ou para uma revolução agrária faz pressão nos governantes, que também são responsáveis pela proteção da biodiversidade.

Leia aqui porque tantas espécies são extintas antes de serem descobertas

 

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