Paraguai: a terra pertence aos Avá guaraní!

Os indígenas da tribu Avá guaraní estão dançando nas ruínas das suas terras destruídas. “Para onde devemos ir? Isto é a nossa terra. Quando eles nos expulsam, vamos voltar”, confirma o cacique Ramón López. Foto: CONAPI (© Conapi)
76.758 participantes

Nas últimas semanas a terra dos Avá guaraní foi assaltada duas vezes. O avanço imparável da pecuária intensiva e o cultivo de soja para a exportação são as razões para a violência. Por favor, apóie a comunidade Y'apo e assine a nossa petição.

Notícias e Atualidades Apelo

Para: o Presidente da República do Paraguai, senhor Horacio Cartes; o Ministro do Interior, senhor Francisco José de Vargas

“Pôr fim ao desmatamento nas terras dos Avá guaraní.”

Abrir a petição

Em todo o Paraguai 900 mil pessoas já foram expulsas da sua terra natal por causa da expansão das terras agrícolas. Recentemente, cem famílias dos Avá guaraní, que fazem parte da comunidade indígena dos Y'apo no distrito Corpus Christi, foram as vítimas. A razão principal para esta expulsão é o alargamento das terras para o cultivo de soja e a criação de gado.

No dia 20 de Maio 300 policiais invadiram a comunidade dos Y'apo e causaram danos irreparáveis, queimando casas e destruindo templos. Os habitantes fugiram para as florestas ao redor, qualquer resistência teria sido em vão. Mais um incidente ocorreu em Junho quando 50 forças de segurança armadas invadiram novamente a terra deles, ferindo gravemente alguns dos indígenas.

“Finalmente, o objetivo consiste em escorraçar todos os indígenas da sua terra afim de gerar espaço para as plantas de soja e os bois”, explica a freira Raquel Peralta do ponto de coordenação da Pastoral Nacional dos Indígenas (CONAPI).

Por trás do desmatamento da floresta tropical está a empresa Laguna S.A. que já comprou 5 mil hectares de terra e que está abatendo florestas na zona Yvrarovana perto da reserva natural de Mbaracayaú para o cultivo de soja.

Os números são alarmantes e apontam para o conflito perene em torno da terra e dos recursos: 85 por cento da posse de terra no Paraguai estão nas mãos de uma elite de latifundiários que constitui meramente 2,5 por cento da população. A confrontação desses dois estratos da sociedade, os latifundiários mafiosos e os pequenos produtores rurais, fica muito claro na memória do massacre de Curuguaty de há dois anos.

Assine a petição de Salve a Floresta para pôr fim a esta injustiça!

Mais informações

“A exploração e a pilhagem das terras indígenas não pode ser compatível com o modelo econômico atual, que está marcado pelo aumento da conjuntura”, critica freira Raquel Peralta. Por causa da expulsão muitos indígenas viram pessoas sem abrigo nas cidades, sem trabalho e sem terra.

No Paraguai o modelo econômico baseia-se cada vez mais na exportação de produtos agrícolas. Para adiantar a industrialização completa do setor agrícola, os políticos paraguaios visam a duplicação da área cultivada para 6 milhões de hectares assim como uma expansão enorme da atividade pecuária. A produção de 9 milhões de toneladas de soja para a exportação tem conseqüências desastrosas, porque leva ao empobrecimento de solos férteis, à emissão maciça de pesticidas e, por conseguinte, à poluição de águas, o que, por sua vez, pode resultar em doenças e mortes de homens, animais e plantas. Milhares de hectares de floresta tropical são vítimas da exploração, apesar do convênio contra o desmatamento, que está em vigor desde 2013. Segundo a WWF, as áreas florestais reduziram-se entre 1950 e 2004 de 9 para somente 1,5 milhões de hectares. As monoculturas que se encontram nestas áreas agora crescem às custas da diversidade dos cultivos.

Mundialmente a soja representa um dos recursos mais importantes

Nos últimos 50 anos, a produção mundial de soja quase se multiplicou por dez e 80 por cento desta soja são exclusivamente transformados em forragem barata para a criação de animais em massa.

Isto significa que em todo o mundo consomem-se bois, porcos e galhos que foram alimentados de soja geneticamente modificada. Além da farinha de carne, a quota-parte de soja no consumo global de óleos vegetais é enorme e está sendo estimulado, sobretudo, pela demanda crescente de biodiesel. Na América Latina, o comércio com soja geneticamente modificada gera grandes lucros, já que cada ano cerca de 46 milhões de hectares de terra são trabalhados.

No Paraguai a produção de soja duplicou-se nos últimos dez anos e ocupa agora 3,1 milhões de hectares, tornando o país no exportador de soja quarto maior do mundo com lucros anuais de aproximadamente 2 bilhões de dólares (2011).

Como se alcança isto?

Os políticos do governo do Paraguai são muito generosos no que diz respeito ao cultivo de soja: empresas multinacionais como a Archer Daniels Midland, Monsanto, Bunge, Cargill, Louis Dreyfus Commodities e Noble quase não pagam impostos e não são punidos nem pelo desmatamento da mata virgem nem pela contaminação do meio ambiente por causa das pesticidas.

A soja e a carne estão entre os produtos principais de exportação do Paraguai e contribuem 20 por cento para o PIB, enquanto que os contributos às receitas fiscais perfazem somente 2 por cento.

Os fatos:

No Paraguai...

  • produzem-se entre 2.700 e 3 mil quilogramas de soja por hectare em 3 milhões de hectares de terra.

  • consomem-se, na faixa, 8 litros do herbicida Roundup da Monsanto por hectare para a produção de 8 milhões de toneladas de soja geneticamente modificada. Isto equivale a um consumo total de 24 milhões de litros. No Paraguai, 98 por cento das terras são trabalhados desta forma.

A União Européia...

  • importa aproximadamente 34 milhões de toneladas de soja para o consumo de forragem, a maior parte desta soja proveniente da América Latina. Para produzir estas quantidades de soja, precisam-se cerca de 15 milhões de hectares de terra.

A nível global...

  • a produção de soja tem-se multiplicado por dez desde 1960 e importa agora em 260 milhões de toneladas. Mais de três quartos desta quantidade provêm de plantas geneticamente modificadas.

Carta

Para: o Presidente da República do Paraguai, senhor Horacio Cartes; o Ministro do Interior, senhor Francisco José de Vargas

Prezados senhores,

eu uno-me aos membros da Pastoral Nacional dos Indígenas para pronunciar o meu rejeito e a minha indignação com as repetidas injustiças e violações dos direitos humanos, com as quais os Avá guaraní da municipalidade Y'apo no distrito de Corpus Christo têm sofrido. Ali a polícia e as forças de segurança da empresa Laguna S.A. expulsaram, feriram e mataram indivíduos de cem famílias.
Por isso, eu exijo do governo que:
ponha fim ao desmatamento, que foi adiantado pelo cultivo de soja e pela expansão da criação de gado e que destrói os espaços vitais de homens e animais,
tome medidas para indemnizar os danos na comunidade agredida dos Avá guaraní,
cumpre os mandatos institucionais impostos ao país e que respeite e siga as leis internacionais e nacionais para a proteção dos povos indígenas e os seus territórios.

Com os melhores cumprimentos,

Notícias e Atualidades

Inscreva-se aqui agora para receber a nossa newsletter.

Continue informado e alerta para proteger a floresta tropical, continuando a receber a nossa newsletter!