Desmatamento para minha viagem? Não, obrigado!

Um avião em cima de floresta tropical queimada Avião em cima de floresta tropical destruída (foto-montagem) (© Wo st 01 / Wikimedia Commons - Montage Rettet den Regenwald - CC BY-SA 3.0 DE)

A indústria aeronáutica quer tornar-se climaticamente neutra com agrocombustível. Mas o bioquerosene significa uma aumento da demanda de óleo de palma, cujo cultivo ameaça as florestas tropicais. Por favor, proteste contra os planos da Organização da Aviação Civil Internacional ICAO.

Apelo

Para: ICAO

“Com o uso de bioquerosene, a indústria aeronáutica quer proteger o clima. Mas o cultivo de óleo de palma destrói o meio ambiente. Por favor proteste!”

Abrir a petição

O tráfego aéreo está crescendo rapidamente – e assim os problemas ambientais causados por esta indústria. Aviões já estão responsáveis por uns cinco por cento das emissões de gases com efeito de estufa. Segundo a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) das Nações Unidas, as emissões de CO2 da comunidade aeronáutica vão quintuplicar até 2050 para 2,5 milhões de toneladas por ano.

A alegada solução da agência: o tráfego aéreo deve crescer de forma “neutra em termos de clima”. O comércio com licenças de emissão, o uso de bioquerosene e aviões mais eficientes devem possibilitar isso.

Porém, o comércio com certificados CO2 não significa que se reduzam as emissões. A indústria aeronáutica meramente compra “direitos de poluição” por meio de certificados CO2 e o dinheiro é investido em projetos de proteção climática em todo o mundo. Há uma controvérsia entre especialistas sobre se esta prática tem um impacto positivo ao clima.

Para a produção de bioquerosene precisam-se enormes áreas de cultivo para substituir somente uma percentagem pequena dos 260 milhões de toneladas de combustível que o tráfego aéreo consome todos os anos.

Além de óleos vegetais, a ICAO também menciona algas, madeira e resíduos como possíveis matérias-primas para o bioquerosene. Mas não existem as técnicas de produção e as quantidades necessárias. Tentativas no cultivo de camelina para vôos de teste resultaram em rendimentos muito baixos. É de recear que a indústria utilize óleo de palma hidratado que já é produzido comercialmente por empresas como a Neste Oil, Eni e Repsol/Cepsa. Afim de criar espaço para sempre novas plantações de dendezeiros, cada vez mais florestas tropicais são desmatadas. Assim, quantidades enormes de carbono saem na atmosfera.
Por favor, apoie a nossa petição à ICAO – e abdique de vôos desnecessários!

Mais informações

O consumo de combustível do setor dos transportes aéreos é enorme. No relatório ambiental de 2010 a ICAO considerou que o consumo de 187 milhões de toneladas no ano de 2006 aumentaria para entre 461 e 541 milhões de toneladas em 2036. Para o ano de 2016 a ICAO estima um consumo de 260 milhões de toneladas. Em 2050 o consumo de combustível deve estar entre 700 e 900 milhões de toneladas.

No seu relatório ambiental de 2016 a ICAO analisa diferentes cenários quanto à demanda de energia. Para atender esta demanda com bioquerosene, segundo a ICAO, 170 refinarias teriam que ser construídas e até 60 bilhões de dólares teriam que ser investidos todos os anos.

Um projeto de pesquisa do setor aeronáutico, o projeto Itaka, prova a dificuldade de produzir até pequenas quantidades de bioquerosene para vôos de teste. A indústria está experimentando com o cultivo de camelina na Espanha e Romênia, com verbas públicas da União Europeia. Para diminuir a concorrência de terras férteis com o cultivo de alimentos, o projeto optou pelo cultivo em solos marginais. Numa área total de 10.500 hectares produziram-se 2000 toneladas de óleo de camelina. Como a quantidade não era suficiente para os vôos de teste, adicionaram óleo de camelina comprado dos EUA. Além disso, produziram bioquerosene a partir de resíduos da gastronomia. Os operadores do projeto comentam que os resíduos não são vistos como matéria-prima principal, já que as quantidades acessíveis estão limitadas e já são usadas de outros setores com diferentes finalidades.

Os óleos foram transformados nas refinarias do parceiro do projeto Neste Oil em óleo vegetal hidratado assim como ésteres e ácidos graxos hidratados. A hidratação de óleos vegetais é o único processo já aplicado comercialmente em grande escala afim de produzir biocombustível para aviões. Óleos vegetais hidratados mostram caraterísticas muito semelhantes ao combustível fóssil e podem ser usados como combustível. O biodiesel não é apropriado para o uso em aviões.

Os métodos podem ser aplicados em refinarias de petróleo já existentes assim como em instalações particularmente estabelecidas para isto. A Neste Oil já está explorando quatro grandes refinarias de óleos vegetais hidratados: duas instalações com uma capacidade de 800 mil toneladas respetivamente em Roterdã e Singapura. As principais matérias-primas são 870 mil toneladas de óleo de palma (CPO) e 1,93 milhões de toneladas de resíduos (gorduras animais e ácidos graxos destilados do óleo de palma), escreve a Neste Oil no relatório anual.

A empresa italiana ENI bem como as empresas petrolíferas espanholas Repsol e Cepsa também produzem óleos vegetais hidratados a partir de óleo de palma. O grupo francês Total está construindo uma refinaria para a hidratação no porto de Marseille. Óleo de palma é o óleo vegetal mais barato no mercado global e acessível em milhões de toneladas. A produção anual de óleo de palma é da ordem de 65 milhões de toneladas.

Mais informações:

Biofuelwatch: The high-flown fantasy of aviation biofuels

FERN, 27 de Setembro de 2016: International declaration denounces ICAO offset plan

FERN, 9 de Setembro de 2016: Cheating the climate: the problems with aviation industry plans to offset emissions

Oakland Institute: Eco-skies - the global rush for aviation biofuel

Friends of the Earth: Flying in the face of the facts - Greenwashing the aviation industry with biofuels

Carta

Para: ICAO

Excelentíssimos senhores e senhoras,

é conveniente que o setor aeronáutico se preocupe com a proteção do meio ambiente. Porém, os planos apresentados com este fim – o comércio com licenças de emissão e o uso de bioquerosene – não contribuem para a conservação da natureza.

Certificados de clima e o financiamento de projetos para a compensação de emissões de CO2 não diminuem as emissões dos aviões. O comércio com licenças de emissão significa que a responsabilidade pelas emissões causadas seja transferida para outras empresas contra pagamento.

Para a produção de grandes quantidades de bioquerosene o uso de óleo de palma é quase inevitável. A indústria de óleo de palma desmata as florestas tropicais e emite assim enormes quantidades de dióxido de carbono.

Todos os demais métodos de produção e as matérias-primas consideradas pela ICAO não representam alternativas realísticas.

Os planos de um crescimento supostamente neutro em termos de clima parecem-nos um engano do público. A única solução é: voar menos.

Com os meus sinceros agradecimentos

Esta petição está disponível, ainda, nas seguintes línguas:

244.373 participantes

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