Não queremos comer óleo de palma que adoece!

Um bebê recusa uma mamadeira Crianças estão especialmente ameaçadas pelo veneno glicidol no óleo de palma (© Chalabala/iStock)
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Especialistas na União Europeia advertem que o consumo de óleo de palma comporta riscos para a saúde. Ao estar refinado, o óleo contém largas quantidades de substâncias mutagênicas e carcinogênicas. Bebês, crianças e adolescentes estão especialmente ameaçados. A UE tem que proteger a nossa saúde e proibir óleo de palma refinado.

Apelo

Para: o Parlamento Europeu e as autoridades responsáveis

“Óleo de palma refinado contém largas quantidades de substâncias mutagênicas e carcinogênicas. Nós exigimos que se proíba óleo de palma nos alimentos.”

Abrir a petição

Desde há dez anos cientistas têm advertido para substâncias altamente tóxicas na nossa alimentação, que particularmente estão contidas em óleo de palma. Um estudo realizado pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (AESA) e encarregado pela UE confirma os avisos e faz soar o alarme.

Segundo os especialistas, bebês que são alimentados exclusivamente com alimentos industrializados estão altamente ameaçados. As quantidades de glicidol nos alimentos para bebês são dez vezes superiores ao valor considerado seguro, declara Dr. Helle Knutsen num comunicado da UE em Maio. A toxicologista norueguesa é a presidente do grupo de especialistas em poluentes nos alimentos da UE.

Glicidol e outros ésteres de ácidos graxos prejudicais para a saúde estão contidos em óleo de palma refinado em concentrações elevadas. Já foi devidamente demonstrado que o glicidol pode destruir o material hereditário e causar câncer, Knutsen continua.

O óleo tropical barato já se pode encontrar em 50 por cento dos produtos num supermercado convencional. Muitas vezes, consumimo-lo várias vezes por dia sem estar consciente: creme de avelã e cacau, granola, margarina, pratos preparados, salsichas, bolachas, sorvete, doces e muitos produtos mais geralmente contêm óleo de palma.

Bebês, crianças e adolescentes estão especialmente ameaçados, já que comem muitos produtos que contêm óleo de palma e consomem assim largas quantidades dos poluentes.

A indústria alimentar promove o óleo barato, que vem da floresta tropical. Mas existem alternativas regionais: óleos de colza ou girassol ou bem azeite.

Por favor, exijam dos políticos responsáveis que proíbam o óleo de palma refinado nos nossos alimentos – por amor às florestas tropicais, aos direitos humanos e à saúde.

Mais informações

A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (AESA) deixou examinar os riscos para a saúde pelos assim chamados contaminantes de processo em óleos vegetais e outros alimentos. Foram analisados ésteres de ácidos graxos à base de glicerina. Entre estes estão o glicidol assim como ésteres de 3-monocloropropano-1,2-diol (3-MCPD) e de 2-monocloropropano-1,2-diol (2-MCPD).

Os venenos podem causar câncer, destruir o patrimônio hereditário assim como órgãos como o fígado, os rins e os testículos. Estão contidos altamente concentrados em óleo de palma refinado e alimentos produzidos à base disso. Quantidades limitadas desses ésteres também se encontram em outros óleos vegetais. Mas a concentração do glicidol carcinogênico no óleo de palma é 264 vezes superior à concentração em azeite, 24 vezes superior ao óleo de colza e 15 vezes superior ao óleo de girassol. Os resultados para 2-MCPD e 3-MCPD são parecidos:

Glicidol em óleos vegetais

Média (Mean Middle Boud, μg/kg):

Óleo de palma 3955 – óleo de girassol 269 – óleo de colza 166 – azeite 15

3-MCPD em óleos vegetais

Média (Mean Middle Boud, μg/kg):

Óleo de palma 2912 – óleo de girassol 521 – óleo de colza 232 – azeite 48

2-MCPD em óleos vegetais

Média (Mean Middle Boud, μg/kg)

Óleo de palma 1565 – óleo de girassol 218 – óleo de colza 109 – azeite 86

Fonte: EFSA Journal, 3 de Março de 2016: Risks for human health related to the presence of 3- and 2-monochloropropanediol (MCPD), and their fatty acid esters, and glycidyl fatty acid esters in food – quadros 13, 12 e 11

Os poluentes formam-se durante o processamento dos alimentos, sobretudo se o óleo de palma for refinado a altas temperaturas (ca. 200°C). As concentrações elevadas das substâncias tóxicas no óleo de palma devem-se à estrutura química particular do óleo tropical. Naturalmente, o óleo de palma contém muitos diglicerídeos (entre 4 e 12 por cento), à base das quais os poluentes se formam durante a transformação industrial.

Panéis científicos já consideraram o glicidol livre como mutagênico e carcinogênico. Durante a digestão no corpo humano, os ésteres de ácidos graxos podem separar-se e transformar-se em 3-MCPD livre ou glicidol livre. 3-MCPD livre mostrou-se carcinogênico em testes em animais. Em 2011 a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer da Organização Mundial de Saúde (OMS) já classificou o 3-MCPD livre como “possivelmente carcinogênico para o homem”.

A UE adverte que, para a maioria das pessoas, o uso de óleo de palma aumenta significativamente o consumo de substâncias prejudicais para a saúde. O teor de 3-MCPD e os seus ésteres de ácidos graxos em óleos vegetais quase não mudou nos cinco anos passados.

Como hoje em dia a metade dos produtos no supermercado contém óleo de palma, a maioria das pessoas consome produtos que contêm óleo de palma várias vezes por dia. E quase ninguém sabe das substâncias tóxicas que são consumidas ao mesmo tempo.

A cadeia de supermercados italiana COOP mostra que existem alternativas. Segundo as próprias informações, a maior cadeia do país já substituiu o óleo de palma por azeite ou outros óleos vegetais em 100 dos produtos próprios. Por causa do aviso da EFSA a empresa quer acelerar a conversão e trocar os restantes 140 produtos que ainda contêm óleo de palma nos próximos meses.

AESA

A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (AESA) deve garantir que as mais de 500 milhões de habitantes da União Europeia consomem somente alimentos considerados seguros. O grupo de especialistas em poluentes na cadeia alimentar (CONTAM) aconselha a AESA na avaliação dos poluentes.

Fontes:

Comunicado de imprensa da AESA do 3 de Maio de 2016: Process contaminants in vegetable oils and foods http://www.efsa.europa.eu/en/press/news/160503a

Estudo da AESA encarregado pela Comissão Europeia, publicado no 3 de Maio de 2016: Risks for human health related to the presence of 3- and 2-monochloropropanediol (MCPD), and their fatty acid esters, and glycidyl fatty acid esters in food

http://www.efsa.europa.eu/sites/default/files/scientific_output/files/main_documents/4426.pdf

Carta

Para: o Parlamento Europeu e as autoridades responsáveis

Prezados senhores e senhoras políticos,

a UE está fazendo soar o alarme por causa do óleo de palma nos nossos alimentos. Em 3 de Maio a Agência Europeia para a Segurança dos Alimentos (AESA) publicou um estudo sobre os riscos para a saúde provocados pelo consumo de ésteres de ácidos graxos. Nesse estudo e no comunicado que o acompanha a AESA alerta para alimentos que contenham óleo de palma. Muitas vezes eles têm concentrações elevadas de poluentes tóxicos que podem causar câncer, destruir o patrimônio hereditário e prejudicar o fígado, os rins e os testículos.

Segundo o estudo, bebês, crianças e adolescentes estão especialmente ameaçados. Eles comem muitos produtos que contêm óleo de palma. Com cada pedacinho também consomem as substâncias tóxicas.

Por favor, protejam a nossa saúde e proíbam o óleo de palma refinado nos nossos alimentos. Existem alternativas simples: óleos de colza ou girassol ou bem azeite.

Com os meus sinceros agradecimentos

Tema

A situação – florestas tropicais nos tanques e nos pratos

Com 66 milhões de toneladas por ano, o óleo de palma é o óleo vegetal mais produzido no mundo. Nos últimos anos, as plantações de óleo de palma já se estenderam, mundialmente, a mais de 27 milhões de hectares de terras. Florestas tropicais, pessoas e animais já tiveram de recuar uma área do tamanho da Nova Zelândia para dar lugar ao “deserto verde”.

 O baixo preço no mercado mundial e as qualidades de processamento estimadas pela indústria levaram a que um em cada dois produtos no supermercado contenha óleo de palma. Além de ser encontrado em pizzas prontas, bolachas e margarina, o óleo de palma também está em cremes hidratantes, sabonetes, maquiagem, velas e detergentes.

O que poucas pessoas sabem: na União Europeia 61% do óleo de palma importado é usado para produzir energia: 51% (4,3 milhões de toneladas) para a produção do biodiesel, bem como 10% (o,8 milhões de toneladas) em usinas para a produção de energia e calor.

A Alemanha importa 1,4 milhões de toneladas de óleo de palma e óleo de semente de palma: 44% das importações de óleo de palma (618.749 t) foram utilizados para fins de produção de energia, dos quais 445.319 t (72%) foram utilizados para a produção de biocombustível, ao passo que 173.430 t (28%) foram usados para produzir energia e calor.

Com isso, a equivocada política de energia renovável da Alemanha e da UE é uma importante causa para a derrubada de florestas tropicais. A mistura de biocombustível na gasolina e no óleo diesel é obrigatória desde 2009, por determinação de diretiva da União Européia.

Ambientalistas, ativistas de direitos humanos, cientistas e e até mesmo a maior parte dos parlamentares europeus reivindicam, reiteradamente, a exclusão do óleo de palma do combustível e das usinas a partir de 2021. Em vão. Em 14 de junho de 2018, os membros da UE decidiram continuar permitindo o uso do óleo de palma tropical como “bioenergia” até o ano de 2030.

As alternativas: Por favor, leia as informações sobre a composição dos ingredientes na embalagem, deixando na prateleira os produtos que contém óleo de palma. Já na hora de abastecer, não há outra opção: a única solução é a bicicleta ou os meios de transporte públicos

As consequências: perda de matas, extinção de expécies, expulsão de nativos e aquecimento global

Nas regiões tropicais ao redor do Equador, o dendezeiro (elaeis guineensis) encontra condições ideais para o seu cultivo. No Sudeste Asiático, na América Latina e na África, vastas áreas de floresta tropical são desmatadas e queimadas todos os dias a fim de gerar espaço para as plantações. Desta forma, quantidades enormes de gases com efeito-estufa são emitidas na atmosfera. Em partes do ano de 2015, a Indonésia – a maior produtora de óleo de palma – emitiu mais gases climáticos do que os EUA. Emissões de CO² e metano levam a que o biodiesel produzido a partir de óleo de palma seja três vezes mais nocivo para o clima do que o combustível tirado do petróleo.

Mas nem só o clima global está sofrendo: juntamente com as árvores, também desaparecem raras espécies animais como o orangotango, o elefante-pigmeu-de-bornéu e o tigre-de-sumatra. Muitas vezes, pequenos agricultores e indígenas que habitam e protegem a floresta são deslocados da terra deles de forma violenta. Na Indonésia, mais que 700 conflitos de terra estão relacionados com a indústria de óleo de palma. Até nas plantações declaradas como “sustentáveis” ou “ecológicas”, sempre violam-se, reiteradamente, direitos humanos.

Nós, consumidores, não sabemos muito disto. Porém, o nosso consumo diário de óleo de palma também tem efeitos negativos para a nossa saúde: o óleo de palma refinado contém grandes quantidades de ésteres de ácidos graxos, que podem interferir no patrimônio hereditário e causar câncer.

A solução – revolução dos tanques e dos pratos

Hoje em dia, somente 70 mil orangotangos vivem nas florestas do Sudeste Asiático. A política do biodiesel na UE leva os antropóides à beira da extinção: cada nova plantação de dendezeiros destrói um pedaço do espaço vital deles. Para ajudar os nossos parentes, temos que aumentar a pressão sobre a política. Mas no seu dia a dia existem várias opções para agir!

Estas dicas simples ajudam a encontrar, evitar e combater o óleo de palma:

  1. Cozinhe e decida por si mesmo ingredientes frescos, misturados com um pouco de criatividade, fazem empalidecer qualquer refeição pronta (que contenha óleo de palma). Para substituir o óleo de palma industrial, podem-se utilizar óleos europeus como óleo de girassol, colza ou azeite ou, no Brasil, óleo de côco, de milho (não transgênico!) ou – se você conhece a origem – óleo de dendê artesanal.

  2. Ler as letras pequenas: na União Europeia, as embalagens de alimentos têm que indicar desde Dezembro de 2014 se o produto contém óleo de palma.1 Em produtos cosméticos e de limpeza esconde-se um grande número de termos químicos.2 Com um pouco de pesquisa na Internet, podem-se encontrar alternativas sem óleo de palma.

  3. O consumidor é o rei: Quais produtos sem óleo de palma são oferecidos? Por que não se utilizam óleos domésticos? Perguntas ao pessoal de vendas e cartas ao produtores exercem pressão sobre as empresas. Esta pressão e a sensibilização crescente da opinião pública já fizeram com que alguns produtores renunciassem o uso de óleo de palma nos próprios produtos.

  4. Petições e perguntas a políticos: protestos on-line exercem pressão sobre os políticos responsáveis por importações de óleo de palma. Você já assinou as petições da Salve a Floresta?

  5. Levante a sua voz: manifestações e ações criativas na rua tornam o protesto visível para a população e a mídia. Assim, a pressão sobre decisores políticos ainda cresce.

  6. Transporte público em vez de carro: se possível, ande a pé, de bicicleta ou use o transporte público.

  7. Passe os seus conhecimentos: a indústria e a política querem fazer-nos crer que o biodiesel seja compatível com o ambiente e que plantações de dendezeiros industriais possam ser sustentáveis. Salveaselva.org informa sobre as consequências do cultivo de dendezeiros.

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