Floresta de elefantes gravemente ameaçada!

Filhote de elefante tenta, em vão, acordar sua mãe envenenada Filhote de elefante tenta, em vão, acordar sua mãe envenenada (© Sabah Wildlife Department, Borneo)
401.043 participantes

Às margens do rio Kinabatangan ainda vivem mais de 350 elefantes-pigmeus. Porém, o projeto de uma rodovia está a ameaçá-los, o que já causou protestos internacionais, que até o famoso protetor de florestas, Sir David Attenborough, manifestou-se alarmado. Com a recente mudança de governo em Sabah, a ameaça é ainda mais contundente.

Apelo

Para: Primeiro-Ministro Muhyiddin Yassin, Ministro-Chefe Shafie bin Haji Apdal

“Os elefantes-pigmeus em Sabah estarão em perigo se uma nova ponte for construída na cidade de Sukau. Para protegê-los, o projeto não deve ser realizado.”

Abrir a petição

Até agora, a caça furtiva de marfim era quase desconhecida nas florestas tropicais de alta diversidade de espécies, em Sabah, onde vivem calaus, ursos-malaios e orangotangos. Nos últimos anos, porém, criminosos parecem ter descoberto para si o Estado malaio. A esta altura, não é somente o marfim que lhes interessa, mas também a pele, nariz e outras partes do corpo do animal, com os quais é possível ganhar bastante dinheiro no mercado chinês.

Somente entre 2010 e o outono de 2019 foi registrada a matança de 145 elefantes pelos órgãos estatais de proteção a animais selvagens de Sabah. Esses elefantes foram envenenados, fuzilados  ou capturados em armadilhas. Se a coisa continuar assim, em breve, a espécie estará extinta.

Logo, as atividades sangrentas dos caçadores ilegais poderão ser facilitadas, se o governo aprovar a construção de uma ponte sobre o rio Kinabatangan. Este seria apenas o primeiro trecho de uma estrada deve ser construída na Reserva de Vida Selvagem de Tabin, que era de difícil acesso até agora. Assim, a estrada seria uma porta de entrada não só para caçadores furtivos, mas também para novos colonos, ladrões de madeira e a indústria de óleo de palma.

As rotas de migração de mais de 350 elefantes-pigmeus seriam cortadas e os rebanhos seriam forçados a recuar para fragmentos cada vez menores do seu habitat. O risco de que animais invadam aldeias e plantações cresceria - provavelmente com consequências fatais.

O projeto, oficialmente, deve servir ao desenvolvimento econômico da região, embora alguns políticos parecem querer tirar proveito pessoal disso. E isso em prejuízo da natureza justamente em uma região que vem se desenvolvendo como destino ecoturístico.

Por favor, ajudem a proteger os elefantes e outras espécies em Sabah e assinem a nossa petição.

Mais informações

O Lower Kinabatangan Wildlife Sanctuary fica no norte da ilha de Bornéu no Estado malaio de Sabah. Em 26 mil hectares vivem onze espécies de primatas e os raros elefantes-pigmeus-de-bornéu (Elephas maximus borneensis). O Lower Kinabatangan Managed Elephant Range mede 40 mil hectares de tamanho e está parcialmente incluído no santuário de vida selvagem.

Ao longo do rio Kinabatangan existem cerca de 350 elefantes-pigmeus. Em toda Bornéu vivem de 1500 a 2 mil indivíduos da espécie ameaçada.

Áreas de proteção fragmentadas

As áreas de proteção estão fortemente fragmentadas e não formam nenhuma unidade compacta. Em certos trechos, o Rio Kinabatangan está completamente desprotegido, tendo em vista que plantações de palmas de óleo já avançaram até as margens do rio.

A ampliação da estrada de terra deve ligar o povoado de Sukau às aldeias de Litang e Tomanggong, que ficam a 40 quilômetros de distância. Com isso, além do Santuário Kinabatangan, também o Santuário de Tabin seria cortado e aberto à exploração de caçadores, madeireiros e colonos ilegais. Estima-se que a metade de todas as espécies de elefante remanescentes em Bornéus teria sua existência ameaçada por este projeto. Ademais, nesse trecho haveria mais acidentes fatais com animais selvagens, muitos dos quais seriam atropelados.

Ressureição dos planos de construção da ponte

Em 2017, o plano de construir uma nova ponte em Sukau, dando, com isso condições para a construção da nova rodovia, foi, em princípio, suspenso. Depois de protestos de muitas organizações ambientais, incluindo a "Salve a Floresta", bem como de cientistas do mundo todo, o governo de então suspendeu esse plano destruidor.

Depois das eleições de maio de 2018, o governo mudou. Os políticos locais que estavam por detrás do projeto de construção da ponte e da rodovia, mudaram de partido, e agora, querem impor sua visão.

Além disso, o novo governo de Sabah está planejando muitas outras obras de infraestrutura ameaçadoras para a continuidade de algumas espécies já ameaçadas, como elefantes e bufalos selvagens. E no entanto, tempos atrás, parecia que o governo tinha entendido. A então Ministra do Meio-Ambiente, Datuk Christina, declarou: "Nós não podemos permitir a extinção dessas espécies. Eu não vou permiti-la".

ONGs e cientistas locais já chamaram a atenção para as consequências catastróficas do novo projeto. Somente a voz deles, porém, poderá não bastar, já que o governo e a indústria do óleo de palama receia ter sua reputação internacional abalada pela matança de elefantes.

 

Carta

Para: Primeiro-Ministro Muhyiddin Yassin, Ministro-Chefe Shafie bin Haji Apdal

Excelentíssimo Senhor Primeiro-Ministro Muhyiddin Yassin, excelentíssimo Senhor Ministro-Chefe Shafie bin Haji Apdal,

No "Lower Kinabatangan Wildlife Sanctuary" vivem orangotangos, macacos-narigudos e vários outros primatas ameaçados. Centenas de elefantes-pigmeus são originários da região. O Rio Kinabatangan é muito apreciado entre biólogos em todo o mundo.

Agora os senhores estão planejando construir uma ponte em Sukau e asfaltar uma estrada na margem oposta do rio. Isto agrava a situação para os animais, que já estão sofrendo com a crescente fragmentação do espaço vital deles.

Biólogos temem que, a meio prazo, o projeto até possa levar ao desaparecimento da população de elefantes.

O "Lower Kinabatangan Wildlife Sanctuary" brinda um potencial imenso para o ecoturismo. Já hoje muitos habitantes vivem do turismo internacional. Por favor, tomem em consideração que este tesouro poderia ser destruído por causa da construção de pontes e estradas.

Por favor, suspendam o projeto, cujo benefício econômico é duvidoso e que põe o habitat de raros espécies animais em perigo.

Com os meus sinceros agradecimentos

Tema

O ponto de partida: Por que a biodiversidade é tão importante?

 

Biodiversidade compreende três campos estreitamente ligados entre si: a diversidade das espécies, a diversidade genética dentro das espécies e a diversidade dos ecossistemas, como por exemplo, florestas ou mares. Cada espécie é parte de uma rede de conexões altamente complexa. Quando uma espécie é extinta, essa extinção tem repercussão sobre outras espécies e outros ecossistemas.

Globalmente, até hoje já foram descritas duas milhões de espécies, especialistas avaliam o número como amplamente maior. Florestas tropicais e recifes de corais pertencem aos ecossistemas com a mais alta biodiversidade e complexidade de organização da Terra. Cerca da metade de todas as espécies de animais e plantas vivem nas florestas tropicais.

A diversidade biológica é, em si, digna de proteção, além de ser para nós, condição de vida. Diariamente, fazemos uso de alimentos, água potável, medicamentos, energia, roupas ou materiais de construção. Ecossistemas intactos asseguram a polinização das plantas e a fertilidade do solo, protegendo-nos de catástrofes ambientais como enchentes ou deslizamentos de terra, limpam água e ar e armazenam gás carbônico (CO2), o qual é danoso para o clima.

A natureza é também a casa e ao mesmo, lugar espiritual de muitos povos originários da floresta. Estes são os melhores protetores da floresta, porquanto é especialmente em ecossistemas intactos que se encontra a base para a vida de muitas comunidades indígenas.

A conexão existente entre destruição da natureza e surgimento de pandemias é conhecida de há muito, não tendo surgido pela primeira vez com o coronavírus. Uma natureza intacta e com bastante diversidade protege-nos de doenças e de outras pandemias.

Para saber mais sobre esta conexão, pode clicar nos link abaixo:

https://www.ufrgs.br/jornal/conexoes-entre-desequilibrios-ambientais-e-o-surgimento-de-doencas-infecciosas-na-amazonia/

https://www.dw.com/pt-br/o-elo-entre-desmatamento-e-epidemias-investigado-pela-ci%C3%AAncia/a-53135352

Os efeitos: extinção de espécies, fome e crise climática

 

O estado da natureza vem piorando dramaticamente, em escala global. Cerca de um milhão de espécies de animais e plantas estão ameaçadas de serem extintas, já nas próximas décadas. Atualmente, 37.400 plantas e animais estão na lista vermelha da organização de proteção ambiental IUCN como espécies ameaçadas de extinção – um tristíssimo recorde! Especialistas chegam a dizer que se trata da sexta maior mortandade de espécies da história da Terra – a velocidade da extinção global das espécies aumentou cem vezes nos últimos dez milhões de anos, e isso por causa da influência humana no meio-ambiente.

Também numerosos ecossistemas, em todo o globo – sendo 75% ecossistemas terrestres e 66% marinhos – estão ameaçados. Somente 3% deles estão ecologicamente intactos, como, por exemplo, partes da bacia amazônica e da bacia do Congo. Especialmente afetados são ecossistemas ricos em biodiversidade, como florestas tropicais e recifes de corais. Cerca de 50% de todas as florestas tropicais foram destruídas nos últimos 30 anos. A extinção dos corais aumenta constantemente com o avançar do aquecimento global.

As principais causas para a grave diminuição da biodiversidade são a destruição de habitats, a agricultura intensiva, a pesca predatória, a caça ilegal e o aquecimento global. Cerca de 500 (quinhentos) bilhões de dólares americanos são investidos por ano, globalmente, na destruição da natureza, da seguinte forma: exploração de pecuária intensiva, subvenções para exploração de petróleo e carvão, desmatamento e impermeabilização do solo.

A perda de biodiversidade tem consequências sociais e econômicas extensas, pois a exploração dos recursos é feita em detrimento dos interesses de milhões de pessoas do Sul Global. Os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável almejados pela ONU – como, por exemplo, o combate à fome e à pobreza - somente poderão ser alcançados se for a biodiversidade for mantida em escala global e utilizada sustentavelmente para as próximas gerações.

Sem a conservação da biodiversidade, a proteção do clima também fica ameaçada. A destruição de florestas e pântanos – eis que ambos são redutores de gás carbônico – agrava a crise climática.

A solução: menos é mais!

 

Os recursos naturais da Terra não estão ilimitadamente à nossa disposição. Praticamente, consumimos recursos no volume correspondente a duas Terras e se mantivermos essa velocidade de consumo, até 2050, consumiremos, no mínimo, recursos no volume de 3 (três) planetas Terra. Para lutar pela conservação da diversidade biológica como nossa condição de vida, precisamos aumentar mais ainda a pressão sobre os nossos governantes. E mesmo no nosso simples cotidiano, podemos agir contribuindo para o mudar da coisa.

Com estas dicas para o dia-a-dia, nós protegemos o meio-ambiente:

  1. Comer plantas com mais frequência: mais legumes e “queijo” de soja (tofu) e menos ou nada de carne no prato! Cerca de 80% das áreas agrárias, em escala global, são usadas para pecuária intensiva e para o cultivo de ração animal;
  2. Alimentos regionais e orgânicos:mantimentos produzidos ecologicamente dispensam o cultivo de monoculturas gigantes e o uso de pesticidas. E a compra de produtos locais economiza uma enorme quantidade de energia;
  3. Viver com consciência: Será que é preciso mesmo comprar ainda mais roupas, ou um celular novo? Ou será que, para coisas do cotidiano, dá para comprar coisas já usadas? Existem boas alternativas para produtos com óleo de palma ou para a madeira tropical! Ter, como bicho de estimação, animais selvagens tropicais como papagaios ou répteis é tabu total! Outra coisa útil é calcular o seu dispêndio pessoal de recursos naturais (a chamada “pegada ecológica”);
  4. Ter relações amistosas com as abelhas: você pode proporcionar uma alegria para abelhas e outros insetos, plantando espécies diferenciadas e saborosas na sacada do seu apartamento ou no quintal da sua casa. Também dá para colaborar sem plantar o verde na própria casa, participando de projetos de proteção à natureza na sua região;
  5. Apoiar protestos: manifestações ou petições contra o aquecimento global ou para uma revolução agrária faz pressão nos governantes, que também são responsáveis pela proteção da biodiversidade.

Leia aqui porque tantas espécies são extintas antes de serem descobertas

 

Inscreva-se aqui agora para receber a nossa newsletter.

Continue informado e alerta para proteger a floresta tropical, continuando a receber a nossa newsletter!