União Europeia tem que pôr fim ao biodiesel!

Mãe orangotango com bebê recebe assistência médica Os últimos orangotangos morrem por causa dos fogos na Indonésia (© International Animal Rescue Indonesia - Heribertus Suciadi)
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Quase um quarto de milhão de pessoas pediram à União Europeia que ponha fim à sua política de agrocombustível. Agora temos que manter a pressão.

Na Indonésia, empresas de óleo de palma queimam as florestas tropicais para plantações. Centenas de orangotangos perdem o seu habitat. Poucos podem ser resgatados. A política do biodiesel da UE contribui para isso: segundo estudos atuais, 3,2 milhões de toneladas de óleo de palma são queimadas cada ano para accionar os carros europeus.

Apelo

Para: os chefes de Estado da União Europeia

“Abolir o biodiesel imediatamente. As florestas tropicais na Indonésia são queimadas para a produção de óleo de palma. Seres humanos e animais estão morrendo.”

Abrir a petição

A produção de biocombustível na União Europeia consome 3,2 milhões de toneladas de óleo de palma por ano!

A legislação europeia prescreve que o combustível vegetal seja acrescentado ao diesel fóssil. Até 2020, o combustível deve estar composto por sete por cento de agrocombustível. Atualmente, o conteúdo dos tanques consiste, em média, de cinco por cento de biocombustível.

Para o cultivo de dendezeiros na Indonésia – o maior exportador de óleo de palma do mundo – as florestas úmidas e de turfa estão em chamas. As empresas produtoras estão preparando novas plantações através da queima, já que isto é mais barato do que o desmatamento mecânico. “Todos os anos as nossas florestas estão queimando e cada ano fica pior”, diz Nordin da nossa organização parceira Save Our Borneo.

Em 2015, 17 mil quilômetros quadrados de floresta tropical queimaram em Bornéu e Sumatra. 25 milhões de pessoas vivem no inferno de fogo e fumaça. A situação é especialmente dramática na província de Kalimantan Central em Bornéu, a terra natal de Nordin. Ali, durante a época de seca no final de 2015, a concentração das partículas poluentes no ar era 90 vezes superior do que o valor recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Isto significa perigo de morte!

Como quase todo o biodiesel é produzido à base de plantas comestíveis, os nossos alimentos chegam cada vez mais nos nossos tanques do que nos pratos. Isto ameaça a alimentação de milhões de pessoas pobres. O agrocombustível agrava a subnutrição e a fome.

Por favor, assinem a nosso petição aos chefes de governo na União Europeia, declarando que o biocombustível faz mal às pessoas, à natureza e ao clima.

Carta

Para: os chefes de Estado da União Europeia

Excelentíssimas senhoras presidentes, excelentíssimos senhores presidentes,

em 2015 as florestas tropicais na Indonésia estavam em chamas durante anos – sobretudo para gerar espaço para novas plantações industriais com dendezeiros e acácias. Uma fumaça altamente tóxica cobria grandes partes da Indonésia e dos países vizinhos. Mais que 20 pessoas morreram por causa disso, a maioria delas crianças. 500 mil pessoas adoeceram severamente por causa da fumaça tóxica.

É uma catástrofe provocada pelo homem – e um resultado fatal da política energética e climática da União Europeia: para a produção de óleo de palma usa-se sobretudo óleo de palma. No ano passado, a UE consumiu 3,2 milhões de toneladas de óleo de palma para os tanques dos carros.

Por favor, ponham término à política do biodiesel, porque faz mal às pessoas, à natureza e ao clima. Abolam imediatamente a incorporação obrigatória de biocombustível.

Com os meus sinceros agradecimentos

Tema

A situação – florestas tropicais nos tanques e nos pratos

Com 66 milhões de toneladas por ano, o óleo de palma é o óleo vegetal mais produzido no mundo. Nos últimos anos, as plantações de óleo de palma já se estenderam, mundialmente, a mais de 27 milhões de hectares de terras. Florestas tropicais, pessoas e animais já tiveram de recuar uma área do tamanho da Nova Zelândia para dar lugar ao “deserto verde”.

 O baixo preço no mercado mundial e as qualidades de processamento estimadas pela indústria levaram a que um em cada dois produtos no supermercado contenha óleo de palma. Além de ser encontrado em pizzas prontas, bolachas e margarina, o óleo de palma também está em cremes hidratantes, sabonetes, maquiagem, velas e detergentes.

O que poucas pessoas sabem: na União Europeia 61% do óleo de palma importado é usado para produzir energia: 51% (4,3 milhões de toneladas) para a produção do biodiesel, bem como 10% (o,8 milhões de toneladas) em usinas para a produção de energia e calor.

A Alemanha importa 1,4 milhões de toneladas de óleo de palma e óleo de semente de palma: 44% das importações de óleo de palma (618.749 t) foram utilizados para fins de produção de energia, dos quais 445.319 t (72%) foram utilizados para a produção de biocombustível, ao passo que 173.430 t (28%) foram usados para produzir energia e calor.

Com isso, a equivocada política de energia renovável da Alemanha e da UE é uma importante causa para a derrubada de florestas tropicais. A mistura de biocombustível na gasolina e no óleo diesel é obrigatória desde 2009, por determinação de diretiva da União Européia.

Ambientalistas, ativistas de direitos humanos, cientistas e e até mesmo a maior parte dos parlamentares europeus reivindicam, reiteradamente, a exclusão do óleo de palma do combustível e das usinas a partir de 2021. Em vão. Em 14 de junho de 2018, os membros da UE decidiram continuar permitindo o uso do óleo de palma tropical como “bioenergia” até o ano de 2030.

As alternativas: Por favor, leia as informações sobre a composição dos ingredientes na embalagem, deixando na prateleira os produtos que contém óleo de palma. Já na hora de abastecer, não há outra opção: a única solução é a bicicleta ou os meios de transporte públicos

As consequências: perda de matas, extinção de expécies, expulsão de nativos e aquecimento global

Nas regiões tropicais ao redor do Equador, o dendezeiro (elaeis guineensis) encontra condições ideais para o seu cultivo. No Sudeste Asiático, na América Latina e na África, vastas áreas de floresta tropical são desmatadas e queimadas todos os dias a fim de gerar espaço para as plantações. Desta forma, quantidades enormes de gases com efeito-estufa são emitidas na atmosfera. Em partes do ano de 2015, a Indonésia – a maior produtora de óleo de palma – emitiu mais gases climáticos do que os EUA. Emissões de CO² e metano levam a que o biodiesel produzido a partir de óleo de palma seja três vezes mais nocivo para o clima do que o combustível tirado do petróleo.

Mas nem só o clima global está sofrendo: juntamente com as árvores, também desaparecem raras espécies animais como o orangotango, o elefante-pigmeu-de-bornéu e o tigre-de-sumatra. Muitas vezes, pequenos agricultores e indígenas que habitam e protegem a floresta são deslocados da terra deles de forma violenta. Na Indonésia, mais que 700 conflitos de terra estão relacionados com a indústria de óleo de palma. Até nas plantações declaradas como “sustentáveis” ou “ecológicas”, sempre violam-se, reiteradamente, direitos humanos.

Nós, consumidores, não sabemos muito disto. Porém, o nosso consumo diário de óleo de palma também tem efeitos negativos para a nossa saúde: o óleo de palma refinado contém grandes quantidades de ésteres de ácidos graxos, que podem interferir no patrimônio hereditário e causar câncer.

A solução – revolução dos tanques e dos pratos

Hoje em dia, somente 70 mil orangotangos vivem nas florestas do Sudeste Asiático. A política do biodiesel na UE leva os antropóides à beira da extinção: cada nova plantação de dendezeiros destrói um pedaço do espaço vital deles. Para ajudar os nossos parentes, temos que aumentar a pressão sobre a política. Mas no seu dia a dia existem várias opções para agir!

Estas dicas simples ajudam a encontrar, evitar e combater o óleo de palma:

  1. Cozinhe e decida por si mesmo ingredientes frescos, misturados com um pouco de criatividade, fazem empalidecer qualquer refeição pronta (que contenha óleo de palma). Para substituir o óleo de palma industrial, podem-se utilizar óleos europeus como óleo de girassol, colza ou azeite ou, no Brasil, óleo de côco, de milho (não transgênico!) ou – se você conhece a origem – óleo de dendê artesanal.

  2. Ler as letras pequenas: na União Europeia, as embalagens de alimentos têm que indicar desde Dezembro de 2014 se o produto contém óleo de palma.1 Em produtos cosméticos e de limpeza esconde-se um grande número de termos químicos.2 Com um pouco de pesquisa na Internet, podem-se encontrar alternativas sem óleo de palma.

  3. O consumidor é o rei: Quais produtos sem óleo de palma são oferecidos? Por que não se utilizam óleos domésticos? Perguntas ao pessoal de vendas e cartas ao produtores exercem pressão sobre as empresas. Esta pressão e a sensibilização crescente da opinião pública já fizeram com que alguns produtores renunciassem o uso de óleo de palma nos próprios produtos.

  4. Petições e perguntas a políticos: protestos on-line exercem pressão sobre os políticos responsáveis por importações de óleo de palma. Você já assinou as petições da Salve a Floresta?

  5. Levante a sua voz: manifestações e ações criativas na rua tornam o protesto visível para a população e a mídia. Assim, a pressão sobre decisores políticos ainda cresce.

  6. Transporte público em vez de carro: se possível, ande a pé, de bicicleta ou use o transporte público.

  7. Passe os seus conhecimentos: a indústria e a política querem fazer-nos crer que o biodiesel seja compatível com o ambiente e que plantações de dendezeiros industriais possam ser sustentáveis. Salveaselva.org informa sobre as consequências do cultivo de dendezeiros.

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